Como armazenar o café, para onde exportar, quais tecnologias implementar na lavoura. Estas e outras questões foram debatidas pela Câmara Setorial do Café, durante reunião, nesta quarta-feira (21), na Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense (Coopmac), em Vitória da Conquista (BA), a cerca de 500 quilômetros de Salvador. O encontro teve a participação do secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, que ressaltou a importância de se fazer um planejamento estratégico para a cafeicultura baiana, "atendendo às diferentes realidades de produção do café em cada região".
Conforme Salles, a cadeia produtiva do café é uma das mais importantes do Estado e o governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura (Seagri), tem como propósito apoiar as ações de desenvolvimento da atividade, introduzindo um melhor aproveitamento das áreas agrícolas e o uso de tecnologias, além de incentivar a verticalização da cadeia e as exportações. "Queremos não somente os produtores mais organizados e fortalecidos. Queremos mais indústrias na Bahia, que o grão seja processado aqui mesmo e se volte ainda mais ao mercado externo. E agora temos a agroindústria mais perto", disse, referindo-se à coordenação de Agroindústria, que se originou na Seagri e, por duas décadas permaneceu na Secretaria da Indústria e Comércio (Sicm), sendo reintegrada à Seagri na semana passada.
Ainda de acordo com Salles, embora ainda tenha muitos desafios, os cafeicultores baianos já podem comemorar a inclusão de 43 dos 44 municípios baianos que estavam fora do zoneamento do café. "Municípios como Brejões estavam fora do zoneamento. Isso não se justificava mais", frisou o secretário.
Na opinião do presidente da Coopmac, Claudionor Dutra Neto, a inclusão dos municípios no zoneamento vai facilitar a vida de milhares de cafeicultores, que
vão poder solicitar crédito rural. Além disso, tornar ainda mais conhecido o café da Bahia, "que possui ótima qualidade e está entre os melhores do país".
Para o presidente da cooperativa, entidade que engloba 250 produtores, o café baiano está no caminho certo para entrar em outros mercados. O próximo passo é que o grão seja exportado para a China. E as negociações tendem a acontecer em pouco tempo, já que o Estado conta agora com um escritório de agronegócio em Pequim, em uma iniciativa inédita em todo o país. "Estamos avaliando questões como volume, capacidade de distribuição e logística", conta Dutra Neto.
Planejamento - O café desponta como uma cultura de forte desenvolvimento, porém é carente de um planejamento e suporte tecnológico mais adequado aos seus diferentes biomas, principalmente na região litorânea da Bahia, pela quase ausência de pesquisas e tradição institucionais voltadas para o pleno desenvolvimento de sua potencialidade em todos ecossistemas e segmentos da cadeia produtiva.
As câmaras setoriais têm justamente o objetivo de identificar as oportunidades de desenvolvimento das cadeias produtivas, a partir da definição de ações prioritárias voltadas aos segmentos familiar e empresarial e seu relacionamento com o mercado interno e a exportação, respectivamente. Focalizam questões como logística e infra-estrutura (energia, estradas, ferrovias, portos, aeroportos), assistência técnica, defesa agropecuária, industrialização, etc.
A iniciativa neste formato é inédita no Brasil e conta com todos os elos da cadeia produtiva, tendo desta forma a cumplicidade do setor. Não é um plano desenvolvido pelo Estado, mas com o apoio estatal, tendo a Secretaria da Agricultura (Seagri) o papel de articuladora.
Neste mês de julho, o secretário tem participado de reuniões das câmaras setoriais em diversos municípios. O resultado desses debates, a primeira versão do Planejamento Estratégico para a Agropecuária da Bahia para os Próximos 20 anos, será apresentado na Conferência Estadual das Câmaras Setoriais, que acontece em 9 de agosto deste ano.