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Qual a diferença entre uma rocha e um meteorito? O que é geologia, e qual a importância dos recursos geológicos no cotidiano? As respostas para estas perguntas começam a fazer parte do dia a dia dos estudantes do Colégio Democrático Professor Rômulo Galvão, em Elísio Medrado, a 240 km de Salvador. A escola é a única que possui um laboratório de geociências em todo o estado da Bahia. Através de uma parceria com o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a unidade implantou o projeto piloto Geologar - Ciências da Terra para a Sociedade, que pretende popularizar as geociências nas escolas.
"Não escolheram uma cidade de nove mil habitantes, no interior da Bahia, à toa: fomos nós que buscamos o convênio com a Ufba e implantamos o Geologar", orgulha-se o diretor da escola, William Brandão. A escola é uma das 24 unidades baianas do programa Ensino Médio Inovador, do Ministério da Educação (MEC) - que tem como meta ampliar o currículo educacional nas áreas de ciência, tecnologia e cultura. "A partir do programa, saímos em busca de projetos e encontramos o Geologar. Resolvemos ser pioneiros e explorar as geociências", explica o diretor.
O projeto inclui a implantação de oficinas, com capacitação de professores pela equipe do Geologar e seleção de estudantes para atuar como monitores. Andressa Peixoto (15), Eliziane Costa (16) e Kaíse de Oliveira (15), foram selecionadas, entre os 600 estudantes da escola, como monitoras do Geologar. Elas recebem uma bolsa de R$ 100 mensais e têm muito trabalho: depois do treinamento no Instituto de Geociências da UFBA, em Salvador, elas acompanham as atividades das oficinas, auxiliam os professores durante as aulas e elaboram relatórios mensais sobre o projeto.
"No ano passado, eu não sabia nada sobre o assunto. Agora, eu estou apaixonada por Geologia e vou seguir esta carreira", revela Eliziane, ao lado das colegas que também decidiram estudar Geologia. "A gente aprende de uma forma bem dinâmica e divertida, e isso chama a atenção dos alunos. Incentiva a participar, a trabalhar mais e a pesquisar", comenta a estudante Andressa.
O projeto - O Colégio Democrático Professor Rômulo Galvão é a maior instituição de ensino do município e firmou uma parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) para lançar o projeto piloto Geologar.
O Geologar conta com apoio do programa Ciência e Tecnologia com Criatividade (CTC), da editora Sangari, que possui uma vasta publicação sobre o assunto. A empresa cedeu o material didático e
kits de investigação com binóculos, amostras de pedras e diversos itens para o estudo no laboratório.
Feira de ciências - Entre os dias 8 e 10 de julho, o projeto realizou, dentro da escola, uma feira de ciências aberta à comunidade de Elísio Medrado. A feira trouxe uma exposição da coleção de meteoritos, rochas e minerais do Museu Geológico da Bahia e o Ciência Móvel (ônibus do Museu de Ciência e Tecnologia da Universidade do Estado da Bahia - Uneb), com experimentos em exposição na praça pública em frente ao colégio. Na feira, também foi distribuída a cartilha em quadrinhos "Bendegó: um visitante do espaço", que conta a história do maior meteorito do Brasil e fornece dicas sobre como identificar meteoritos.
As experiências interessaram até a equipe do programa Mais Você, da Rede Globo. A emissora foi até o colégio, no dia 10 de julho, para entrevistar um dos coordenadores do projeto, o professor Wilton Carvalho, diretor do Museu Geológico da Bahia e um dos maiores estudiosos em meteoritos no Brasil. A matéria tem previsão para ir ao ar no dia 5 de agosto.