Salvador

CAPOEIRA DE SAIA REÚNE PARTICIPANTES EM SALVADOR E NO RECÔNCAVO

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| 27/05/2010 às 17:27
Tradição criada pelos escravos, a capoeira passou ao longo da sua história de luta marginal praticada por homens negros para uma arte conhecida e procurada por milhares de homens e mulheres ao redor do mundo. Para impulsionar a participação feminina no universo da capoeira, foi lançada na noite desta quarta-feira (26), no Forte da Capoeira, em Salvador, a terceira edição do Capoeira de Saia - Capacitação da Capoeira Feminina. De 26 a 30 de maio, o programa vai discutir e capacitar mulheres para formar capoeiristas e mestras. A mistura arte, cultura, esporte e música da capoeira deve reunir 5.000 capoeiristas em Salvador e no Recôncavo.

O lançamento do Capoeira de Saia contou com a presença de autoridades e representantes da capoeira e da cultura afro, como a presidente das Voluntárias Sociais da Bahia, Fátima Mendonça, o chefe de gabinete da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), Francisco Sampaio, o diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), Frederico Mendonça, Mãe Stella de Oxóssi, mestre Bimba, mestra Brisa, entre outras autoridades e mais de 15 mestres de capoeira.

Realizado em 2008 e 2009, desta vez o evento vai reunir praticantes da capoeira não só do Brasil, mas de todo o mundo, para a realização de oficinas, palestras, sessão de cinema, mesas redondas, no Forte da Capoeira e nos municípios de Camaçari, Santo Amaro e Cachoeira, além de uma aula pública com convidadas de renome internacional, no Farol da Barra, com 1.500 capoeiristas.

Carolina Magalhães, conhecida na capoeira como mestra Brisa, é uma das organizadoras do evento e conta que a ideia surgiu há cerca de quatro anos pela necessidade de valorizar a participação feminina. "Antigamente capoeira era coisa de homem, apenas algumas mulheres mais ousadas amarravam a saia e se atreviam a participar. Ainda temos muitos capoeiristas e mestres homens, mas pouquíssimas mulheres; por isso, queremos qualificar e dar uma formação continuada, para que elas possam crescer no mundo da capoeira", explica mestra Brisa.

Esta é a primeira etapa do evento, que busca sensibilizar o público para a profissionalização. Uma segunda etapa será realizada em parceria com a Uneb, através de um curso de extensão de 120 horas para 160 gestores (as), que vai abordar a história da capoeira, como formalizar os grupos e associações, como montar projetos culturais e captar recursos. "Nesta semana vamos receber meninas do mundo inteiro e sensibilizar para, quem sabe, elas voltem para o curso em outubro. O Capoeira de Saia é um evento itinerante que não vai acontecer só na Bahia. Em julho, por exemplo, realizaremos atividades no Japão", comenta Brisa.

A jovem Maristela Souza, 26, é apaixonada pela arte e joga capoeira desde os 12 anos. "Quando eu fiquei sabendo que ia ter a capacitação, me inscrevi pela internet e vim participar. A inserção da mulher na atividade ainda é estigmatizada; com um programa como este nós ganhamos espaço e mostramos o papel da mulher na capoeira", ressalta Maristela, que é integrante do Grupo Gueto de Capoeira.

Para o chefe de gabinete da Setur, Francisco Sampaio, colocar a capoeira em uma posição de destaque mundial é fundamental para valorizar a nossa cultura e atrair turistas de todo o mundo. Durante o lançamento do Capoeira de Saia 2010, a Setur realizou, também, um mapeamento dos mestres e capoeiristas da Bahia.

A capoeira vem recebendo investimentos e projetos também da Setur. A primeira ação com vista no turismo através da dança de origem africana é o mapeamento de grupos internacionais e nacionais de capoeira. A iniciativa é inédita e foi apresentada no mês de fevereiro, durante um encontro entre representantes da Setur e mais de 100 mestres baianos, com o objetivo de fazer do turismo uma ferramenta aglutinadora para a capoeira.

Na ocasião, a Setur apresentou proposta de criação de um site (www.capoeiradabahia.com.br). "A internet tem de ser a nossa ferramenta de divulgação, articulação e mobilização para fazer da Bahia a 'Meca' da capoeira", afirmou a superintendente de Serviços Turísticos da Setur, Cássia Magalhães.

Turismo - Um indício de que a capoeira baiana é bem difundida entre os turistas, especialmente a Capoeira de Saia, praticada por mulheres, está na grande quantidade de alunas estrangeiras que praticam a dança na Bahia ou fora do Brasil. A francesa Christine Zon-Zon, 51, faz parte do Grupo Nzinga. "A capoeira está trazendo muita gente para cá, mostrando para os turistas, e isso não significa folclorizar a capoeira. Pelo contrário, isso é muito bom!". A sueca Rahel Kesete, há seis anos praticando na Suécia, concorda. "Vim ao Brasil porque aqui é o país da capoeira", diz.

As inscrições para o evento Capoeira de Saia 2010 são gratuitas e podem ser feitas através do site oficial (www.capoeiradesaia.com.br), no Forte da Capoeira (Santo Antônio) ou através do telefone (71) 3117-1488.