Ele começou a escrever poesia aos 15 anos; lá se vão 40.
É autor do poema Todo Risco, que está na 17ª edição. Foi balconista, líder estudantil, repórter e sindicalista. A fotografia e a cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, são suas outras paixões.
A FAMILIA
É com uma grande dor nos nossos corações que mando esse email para informar
que nosso Dam descansou.
Ele que sempre foi o mestre em usar palavras simples para retratar
sentimentos intensos, nos deixa sem palavras para falar nesse momento tão
triste.
Nós da família agradecemos o apoio e o carinho de todos nesses dias
difíceis, mas, principalmente, agradecemos a presença de vcs na vida de
Damário, pois sabemos o quanto ele prezava os amigos.
Recebi este email de um amigo em comum e por isso resolvi mandar noticias a
todos, pois sei o quanto deve estar sendo ainda mais difícil pra tia Gal,
Minnie e Dimi.
Ele está no Jardim da Saudade, em Brotas, até as 11h da manhã. De lá segue
para Cachoeira, onde o enterro será às 15h.
Como diria tio Damário, Não nos ensinaram o caminho das nuvens, mas é hora
de seguir.
Márcia Liguori
ENTREVISTA A MUITO
Qual é sua lembrança mais remota de querer ser escritor? Quando decidi dormir longe de todos. Tinha 15 anos e inventei um quarto para mim no porão da casa paterna.
Qual é o tema que acaba invadindo os seus poemas, mesmo quando você não quer? Todos os temas invadem a poesia. Mas, o efêmero, das coisas e dos sentimentos, anda sempre me cercando. Adoro relâmpagos e palavras rápidas no ouvido.
Você foi para Cachoeira atrás de que? Da pequena e forte aldeia que universaliza o poeta.
Você às vezes tem a impressão de que tudo o que era importante já foi escrito? Se sim, quem foi que já disse tudo? Ninguém é capaz de dizer tudo sozinho. Ninguém é grande sozinho. Somos uma mistura do muito que muitos nos dizem. Por incrível que possa parecer, acredito que a grande vedete deste milênio será a PALAVRA publicada em outros suportes
Escritor é um ser mais angustiado que as outras pessoas? Poeta mais ainda? Conheço gente bem mais angustiada fora da literatura do que dentro dela. A minha vida e a minha poesia estão distante disto. Elas estão a serviço, inclusive, da não-agonia humana.
Página em branco te dá pesadelo? Ao contrário. Produz o sonho das imensas possibilidades.
Qual foi o caminho que você evitou por medo, como diz em "Todo Risco"? O caminho da dedicação exclusiva à minha obra poética e fotográfica como muitos fizeram. Mas, obtive belos ganhos, por navegar em águas distintas.
Literatura é mais conforto ou agonia? As duas coisas na medida de cada um. Literatura substitui certas brincadeiras proibidas após a infância. Literatura é liberdade perseverante. E a Liberdade,às vezes, também doi.
Dê uma definição poética para a poesia. De vez em quando me perguntam para que serve a poesia. A minha resposta tem sido dada com duas perguntas e duas respostas: Para que serve a poesia ?, para fazer o homem. Para que serve o homem ?, para fazer poesia.
Livros publicados: Vela branca; Todo risco, o ofício da paixão; e Segredo das pipas. Livros inéditos: Memorial das ternuras e Memorial dos ventos.