Salvador

LÁGRIMAS E IRA CONTRA PREFEITURA NA DESTRUIÇÃO DE BARRACAS DE PRAIAS

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| 18/05/2010 às 18:01
Em Jaguaribe, destruição total das barracas e tristeza de barraqueiro
Foto: BJÁ
  Desespero, desolação, lágrimas, ira, sensações de impotência e desamparo, tudo isso aconteceu nesta terça-feira, 18, na Orla Atlântica de Salvador, da Pituba a Itapuã, com a derrubada de dezenas de barracas de praias por determinação da Justiça Federal. Servidores da SUCOM misturados com agentes da Coelba e da Embasa, protegidos por PMs, Polícia Civil, Polícia Federal, Guarda Municipal e agentes a paisana cumpriram decisão do juiz da 13ª Vara da Justiça Federal, Carlos d'Ávila Teixeira.

  Emitida em fevereiro deste ano, a decisão atende a um pedido feito pela Prefeitura, a partir de um laudo de inspeção da Vigilância Sanitária da Prefeitura de Salvador (VISA), quando foram encontradas irregularidades sanitárias e de higiene. Além disso, as barracas, consideradas comércio, algumas com alvenaria e equipamentos de restaurante, ocupavam áreas federal de propriedade da União. Muitas estavam degradadas.

  Informações de bastidores dão conta de que o prefeito João Henrique ainda tentou evitar a demolição, não enviando máquinas e servidores municipais para a missão. Um procurador do município esteve na Justiça Federal e PF para tentar uma última cartada, mas, o juiz não abriu mãos de suas prerrogativas legais e manteve a decisão. O prefeito cedeu e a operação se processou.

  MUITOS POLICIAIS

  Como tudo que acontece de bom e de ruim sempre sobra para o prefeito, o que se ouviu hoje entre barraqueiros desses espaços foram muitas críticas ao prefeito, de que ele "abandonou o povo", que essa atitude é uma "injustiça com os pobres" e assim por diante.

   Um barraqueiro ouvido pelo BJÁ em Jaguaribe, recolhendo armações de piaçava que sobraram de sua barraca, disse que ficou assustado, também, com a quantidade de Polícia de todo jeito, "nunca visto aqui para combater as drogras na área". 
  
   O comerciante David Mesquita, 53 anos, tentou segurar um técnico da Superintendência de Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) quando viu o trator passar por cima da sua barraca. Ele foi imobilizado por policiais federais, que acompanham a operação.

  Outra proprietária de barraca desmaiou em Pituaçu ao presenciar a mesma cena que David, de acordo com colegas. Outros choraram com a situação. Tratores e retroescavadeiras destruiram tudo. 

  Até o final da manhã desta quarta, a operação apresentou o saldo de 52 demolições: 10 em Piatã, 16 em Jaguaribe, 7 na Terceira Ponte, 3 na Pituba e 16 em Jardim de Alah. Devido ao grande número de barracas, a operação deve durar quatro dias.


   Na primeira etapa, em agosto do ano passado, operários da superintendência demoliram, entre as praias de Amaralina e Piatã, 75 barracas condenadas pela Vigilância Sanitária. De acordo com informações da Sucom, todas as unidades apresentavam mau estado de conservação e condições higiênicas inadequadas.