Salvador

BRUMADO: AVÓ QUER JUSTIÇA PARA NETO QUE FOI ESPANCADO PELA POLÍCIA

vide
| 15/04/2010 às 15:00
Zilda de Castro Leite procura Justiça para pedir providências
Foto: ACHEI BRUMADO

Daniel Simurro
www.acheibrumado.com.br

Uma avó querendo justiça, para o que, segundo ela, foi um ato de violência covarde e brutal que teria sido praticado por policiais militares contra o seu neto de 15 anos.

A equipe de jornalismo online do AcheiBrumado foi procurada pela servidora pública municipal, Zilda de Castro Leite, que iniciou o seu relato dizendo que "no dia 05 eu estava no trabalho e recebi um telefonema me comunicando que uma de minhas vizinhas acionaram a polícia pelo furto de um notebook e que falaram para elas que foi meu neto juntamente com um colega que foram vistos saindo da casa dela e, logo, eles seriam os supostos autores do furto".

Ela continuou relatando que "por volta das 4 e meia da tarde, meu neto estava em casa, assistindo televisão com a irmã dele e a sua avó de 80 anos, quando as vizinhas o chamaram, quando ele saiu para fora, dois policiais militares o abordaram e já foram o agredindo, dando vários pontapés e socos nas costas, mesmo ele garantindo que era de menor. Como meu neto negou, os policias começaram a dar vários tapas na cara dele e o colocaram dentro da viatura para ir achar o colega que, segundo testemunhas, saiu com ele da casa onde o aparelho teria sido furtado".

Seguiu dizendo que "como eles não encontraram o rapaz, levaram meu neto para o anel rodoviário, próximo à barragem, e o espancaram muito, deixando ele bem ferido. Quando ele chegou em casa não conseguia nem caminhar de tantos hematomas que ele tinha em toda a parte do corpo. Isso nos revoltou e fomos atrás das autoridades para buscar justiça, pois ele garante que não foi o autor do furto".

A nossa equipe também falou com o advogado que assumiu a defesa do menor,  Welton Caíres Gama, ele nos citou que "assim que vimos o adolescente ficamos chocados, pois ele tinha lesões graves em todo o corpo. Nos dirigimos a Coordenadoria de Polícia e lá entramos em contato com o promotor público, Leandro Meira, que imediatamente foi lá e garantiu que todas as medidas serão tomadas pelo Ministério Público para a devida apuração de todos os fatos. A princípio ele chegou a nos comentar que o crime poderia ser configurado como tortura, mas que todas as investigações iriam ser feitas para que tudo seja devidamente esclarecido".

O advogado ainda lembra que "caso haja comprovação do crime, os policiais serão julgados pela Justiça Comum e poderão perder a farda".

A avó do menino também nos comunicou que "meu neto está lutando para se livrar da dependência química do crack e, ultimamente, vem ficando muito em casa, evitando os colegas, por isso não acredito que ele tenha sido o autor do furto, pois não houve provas disso. Ele precisa de nossa ajuda e não de ser espancado, por isso eu clamo por justiça".

O radialista Carlos Silva, que foi o primeiro a relatar o caso, também falou com a nossa reportagem. "Pelo relato de Dona Zilda pode ter mesmo existido abuso de autoridade. Eu falei com o comandante da 34ª CIPM, o major Salustriano e ele me garantiu que ele já tinha conhecimento do ocorrido e iria apurar com rigor os fatos. Eu sempre afirmei que os policiais têm que ser profissionais e defender os cidadãos, infelizmente, existem casos isolados que fogem desse ideal. Eu creio pela seriedade e pelo grande trabalho que o major Salustriano vem desenvolvendo em Brumado tudo será devidamente esclarecido", declarou.

Ainda segundo Silva "a questão não é se julgar se o menor é dependente químico ou não, mas sim, se houve ou não abuso de autoridade e se ele tenha sido mesmo o autor do furto".

O menor está tendo acompanhamento do Conselho Tutelar e sua família aguarda ansiosa o resultado das apurações por parte da PM e do Ministério Público.