Salvador

SALVADOR PRECISA DE CAMPANHA PARA RESGATAR AUTO-ESTIMA DO SEU POVO

Vide
| 10/12/2009 às 09:18
Uma campanha urgente para resgatar a auto-estima da população mais carente de Salvador
Foto: Clubão

O incêndio no supermercado Minipreço do bairro de Amaralina, com sequencial ineficiência do Corpo de Bombeiros e os saques organizados pela população mais pobre do entorno da casa comercial revelam que, problemas crônicos de Salvador continuam os mesmos de décadas passadas. Isso porque os serviços públicos não conseguem acompanhar os caminhos da contemporaneidade; e também porque a capital baiana está a cada dia mais permissiva, onde tudo pode, desde fazer xixi nos pontos de táxis a armar uma tenda pra vender bolachinhas de goma e sucos numa avenida como a Tancredo Neves.


Desde a época em que ocorriam incêndios no degradado centro histórico da capital, nos idos dos anos 1960/70, ainda quando a "Bomba" fazia parte da estrutura da administração municipal, muitas vezes os veículos do CB chegavam aos locais dos sinistros, mas, não havia água nos hidrantes e se passava aquele vexame, com fotos expostas na imprensa no dia seguinte.


De lá para a atualidade, a cidade saltou de 1.000.000 de habitantes para 3.000.000 com múltiplos equipamentos e construções civis arrojadas e o Corpo de Bombeiros, embora tenha se modernizado e passado para a estrutura estadual, da Polícia Militar, não consegue acompanhar as exigências da cidade, condescendente em sua natureza, permitindo puxadinhos e ajustes, o que dificulta ainda mais o trabalho da "Bomba" como aconteceu em Amaralina, o comando da Corporação soltando fagulhas a Sucom e vice-versa.


Na capital baiana, existem locais onde veículos de grande porte do CB não consegue adentrar porque as ruas são estreitas, às vezes com acesso através de escadarias, e a fiscalização dos órgãos públicos é precária para decidir o que pode e o que não pode ser colocado como casa comercial. Há notificado pela imprensa dezenas de locais que vendem botijões de gás sem a menor condição para isso, assim como casas de fogos de artifícios e inflamáveis.


Uma outra questão está relacionada com a cultura da população mais pobre, a qual, consciente da impunidade local e nacional, promove saques de toda ordem, como aconteceu no Minipreço de Amaralina, sendo necessária à intervenção da PM com sua tropa de choque para evitar o pior. Isso é muito vergonhoso para a cidade do Salvador com majoritária população afrodescendente e até inconcebível porque o furto de três bandejas ou de um liquidificar não muda o perfil de uma família, em nada.


Recentemente, um caminhão carregado com caixas de cerveja virou no Vale do Bonocô e aconteceu mais um exemplo de como a cultura do saque funciona. Em poucos minutos, com disseminação da notícia boca a boca nas colinas de Cosme de Farias e adjacências, não restava quase mais nada da carga, até que a PM chegou apontando armas aos infratores. Qual o ganho que um cidadão pode ter ao furtar uma grade de cerveja? Zero.


Mas, porque ele participa dos saques? Não existe uma explicação lógica. Sequer se configuram esses atos como formas de protesto contra a pobreza ou uma revolta pelo aumento dos preços dos gêneros alimentícios, caso do Minipreço de Amaralina. Simplesmente um movimento anárquico, uma baderna, que entra na lista da impunidade uma vez ninguém é preso ou responde por qualquer tipo de crime.


Desconheço qualquer trabalho dos órgãos públicos no sentido de conscientizar a população de Salvador, com maioria das famílias vivendo nas faixas de 1 a 4 salários mínimos, no sentido de trabalhar a cultura do anti-saque. Creio que seria interessante alguém assumir uma proposta dessa natureza reforçada com campanhas de publicidade e marketing.


Em 2010, a Campanha da Fraternidade terá como lema o alerta de Jesus em Mateus de como se deve servir a Deus. Aproveitem o embalo e façam algo em defesa da cidadania, da dignidade.