A permanência no projeto, batizado "Parceria Educacional", depende do bom desempenho dos estudantes nas disciplinas escolares. "O objetivo aqui é a educação, cujo sucesso deve acontecer junto com a atividade física", disse o secretário municipal de Educação, Paulo Aquino. A intenção, ressaltou o secretário, é desfazer o velho pensamento que jogador de futebol é aquele que não dá certo na escola. Aquino salientou que os novos exemplos no futebol demonstram ser cada dia mais normal jogadores com bom nível intelectual e oriundos de classes média e alta.
O coordenador técnico do Esporte Clube Bahia, Sérgio Moura, ressaltou que, diante dos atuais índices de violência que tomam os bairros e cidades, a oportunidade de treinar e vislumbrar a possibilidade de se tornar um jogador profissional de futebol termina por afastar os jovens inscritos no projeto do crime organizado. "Nós estamos aqui tratando de educação através do esporte, mas ninguém vai cercear o direito de um desses garotos se tornarem jogadores profissionais caso um deles tenha desempenho acima da média. Mesmo sendo um projeto em princípio educacional, ele não deixa de ter seu caráter de alto rendimento", explicou Sérgio Moura.
Moura ressaltou ainda a importância de se tratar de projeto que "não cobra um tostão" dos alunos. Argumenta que hoje muitos jovens acabam enfrentando dificuldades por conta da falta de espaços para a prática do esporte. No Bahia, os estudantes terão acesso a materiais esportivos para a realização dos treinos duas vezes por semana, às segundas e quartas-feiras, no turno oposto aos das aulas.
Aluno da 5ª série do Instituto de Educação Profissionalizante Eurides Santana, Everton de Ana Pinheiro, de 12 anos, já sonhava com a possibilidade de se tornar um jogador. Disse preferir a bola aos livros, mas afirmou ter consciência que, se não estudar, pode ter fim igual ao de tantos ex-jogadores que, após aposentados, não tiveram condições de administrar o patrimônio e terminaram na miséria.