Salvador

PARADA GAY REÚNE MILHARES DE PESSOAS NO CENTRO DE SALVADOR

Com informações de A Tarde
| 25/10/2009 às 22:28
As cores vibrantes das transformistas e das fantasias chamavam a atenção de um pequenino de três anos. Era tanta gente colorida, que ele não sabia em quem se focar. A avó do garoto, a empregada doméstica Helenita Pinheiro, 49,  tinha a mesma reação, embora observasse com mais timidez a movimentação.

Era a primeira vez que ia à Parada Gay da Bahia, evento realizado neste domingo à tarde, no tradicional circuito carnavelesco entre as praças do Campo Grande e Castro Alves. "Minha filha quem me trouxe", conta dona Helenita. "Ela disse que era bom, e é mesmo." A filha, Taiane Pinheiro, 22, endossa: "Há três anos que eu venho, porque é muito divertido."


Em meio ao público estimado em 800 mil pessoas, que seguia os 10 trios elétricos ou se deixava ficar pelos bairros do Campo Grande, Garcia ou Dois de Julho, não era difícil encontrar quem, como dona Helenita, houvesse ido com a família. No caso da família Silva, foi a aposentada Maria, 72, quem pediu à irmã Lúcia, 50, para levá-la. Em outro canto, entre filhos e netos, dona Jacira Santos, 52, pulava ao som da batida eletrônica dos trios elétricos e achava tudo "ma-ra-vi-lho-so". "Os gays estão de parabéns!"


Em sua oitava edição, a Parada deste ano também serviu para comemorar os 30 anos do Grupo Gay da Bahia (GGB), ong que defende os direitos dos homossexuais. De penacho colorido na cabeça, Luís Mott, fundador do GGB, disse sentir-se muito bem por ser lembrado com alegria e consideração pelo público GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais). "Mas o que me deixa triste é saber que, só neste ano, já houve 18 mortes por homofobia aqui na Bahia", lembra.


Fora do armário
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"Ainda está no armário? Ótimo, assim fica mais fácil escolher com que roupa você vai." Com este mote de divulgação para a parada, o GGB buscou incentivar os gays a assumirem sua orientação sexual publicamente. O preconceito é o primeiro empecilho, sobretudo para os mais jovens que ainda dependem dos pais.

Na família de Victor, 23, só a mãe sabe. "Meu pai diz que, se tiver um filho gay, bota para fora de casa." Já na casa de Alane Tavares, 18, aconteceu de o seu irmão contar para a mãe e ela se ver obrigada a assumir sem estar preparada para fazê-lo. "Foi muito duro. Por quase um ano, minha mãe não falava direito comigo, nem fazia nada por mim. Não tinha apego, sabe?"


Jeferson S., 30, conta por sua vez que se assumiu há sete anos, mas nem o tempo tornou as coisas mais amenas dentro de casa.