Um convite à reflexão sobre os estilos de vida, a desnaturalização do corpo, os padrões comportamentais e a capacidade de pensar. Foi assim que o doutor Machado Pais, da Universidade de Lisboa, conduziu sua exposição na mesa redonda sobre Formação, Sujeito e Cotidiano, nesta segunda-feira (21), durante o segundo dia dos Congressos Brasileiro e Internacional das Ciências dos Esportes, no Centro de Convenções da Bahia.
"A interação dos vários domínios da vida, como lazer, trabalho e comportamento sexual, refletem o modo de vida contemporânea, marcado pelo apressamento e corre-corre que vivemos", destacou Pais, lembrando que a modernidade tende a homogeneizar os mais diferentes e por isso é necessário, mais do que nunca, uma formação questionadora. "Defendo que o social seja lido através do corpo", pontuou.
Por outra ótica, mas também focada na necessidade de permuta da quantidade pela qualidade, o doutor Marcos Stingger, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, abordou sobre a formação do sujeito pesquisador no contexto da Educação Física e Ciências do Esporte, e o processo de avaliação da pós-graduação e algumas das suas repercussões cotidianas.
"O que se espera de um pesquisador? O que é um pesquisador produtivo? Em que periódico publicar? Essas são algumas das atuais perguntas recorrentes e condicionantes ao processo de avaliação de produção e construção do saber científico", levantou Stingger. Ele teceu críticas às pesquisas que fragmentam o conhecimento e ao processo de banalização da produção; reconheceu os conflitos entre a graduação e pós-graduação e defendeu a criação de debates e a valori zação das experiências. "Acredito no processo de socialização científica", complementou.
Com moderação da doutora Maria Isabel Mendes, da Federal do Rio Grande do Norte, a mesa redonda atraiu a atenção e elogios da plenária: "Foi melhor do que eu imaginei, uma vez que a discussão foi mais concreta do que abstrata", afirmou o professor da Universidade Federal do Pará, Marcelo Ferreira. "O debate foi relevante, no entanto bastante voltado para a área acadêmica. Poderíamos ter um maior espaço para falar das inquietações da sala de aula, da educação física escolar", opinou o professor da rede estadual da Bahia, André Leite.
À tarde as atividades continuaram com a apresentação de Grupos de Trabalhos Temáticos (GTT), painel literário e lançamento de livros.
No GTT Comunicação e Mídia, seis trabalhos foram abordados, entre eles "Mídia, Esporte e Nacionalismo: a publicidade da Olympikus nos Jogos Panamericanos 2007". No mesmo GTT, também foi abordado o "discurso midiático-esportivo no Panamericano Rio 2007: notas de pesquisa em andamento". O estudo teve como objetivo analisar a cobertura do Pan nos veículos tradicionais e nas novas mídias. O GTT Formação Profissional e Mundo do Trabalho trouxe nove temas, entre eles "Quando as imagens ardem: fotografia, narrativas e formação inicial em educação física". Já o GTT Políticas Públicas discutiu alternativas de avaliação da ação concreta de uma gestão democrática.
Painel de leitura: encontro memorável
No final da tarde, cinco ícones da Educação Física brasileira se uniram para um bate papo com os congressistas, quando falaram sobre suas publicações literárias na década de 80. Lino Castellani, Apolônio do Carmo, Kátia Brandão Cavalcanti e Mauro Betti compartilharam o conhecimento acadêmico e o saber científico adquiridos durante as suas longas e ricas jornadas.
Lançamento
Fechando mais um dia de atividades foi iniciada a programação de lançamento de livros durante os congressos. No total, serão 40 títulos até a próxima sexta-feira, entre eles: "A escola e o esporte - Uma história de práticas culturais", de Meily Assbú Linhares; "Nas fronteiras da Educação física e das Ciências Humanas, de Yara Carvalho; "Para ensinar Educação física", de Suraya Cristina Darido e Osmar Moreira; lançamento do "Cadernos de Formação RBCE"; "Educação Física na Bahia - cenas e flashes de uma história", de Roberto Gondim e "Os jogos de minha vida", de Lino Castellani Filho e Rafael Castellani.