Em depoimento depoimento na Delegacia de Homicídios na tarde desta quinta-feira, 17, o ex-pugilista Acelino Popó Freitas negou as acusações de envolvimento na morte do surfista Moisés Magalhães Pinheiro, 28 anos. Em conversa com a imprensa presente no local, Popó afirmou que vai "sair de cabeça erguida deste caso".
Popó declarou que só acabou envolvido no caso porque "estava defendendo a sobrinha como qualquer pessoa faria". Popó afirmou que, no último dia 10, decidiu ir buscar a jovem de 17 anos na casa de Jonatas Almeida ao descobrir que o rapaz tinha passagem pela polícia.
Jonatas afirma ter sido ameaçado pelo ex-pugilista por ter se envolvido com a sua sobrinha. Em seu depoimento, o rapaz contou que após a visita de Popó, dois homens invadiram sua casa armados e sequestraram ele e o amigo Moisés Magalhães Pinheiro.
Os dois teriam sido levados algemados em um veículo ao Centro Industrial de Aratu (CIA), onde Jonatas teria conseguido fugir dos bandidos embrenhando-se em um matagal. Moisés apareceu morto a tiros horas depois.
Popó afirma que cumpriu apenas o papel de tio ao buscar a sobrinha na noite do dia 9 deste mês na casa do polidor de carros Jonatas Almeida, de 22 anos. A sobrinha do ex-pugilista também presta depoimento.
Segundo Jonatas, duas horas depois de Popó levar a sobrinha para casa, o polidor e Moisés foram levados à força por supostos policiais num Corsa dourado até a Estrada do Derba, em Valéria. Depois, foram levados para um ponto de desova no Centro Industrial de Aratu (CIA).
No local, os policiais tentaram executá-los a tiros, mas Jonatas conseguiu escapar pulando numa ribanceira, mesmo algemado. O corpo de Moisés foi encontrado no dia seguinte.
Popó x Jonatas
Na declaração dada nesta quinta-feira à imprensa, Popó afirmou que em nenhum momento chamou a polícia pelo sumiço da sobrinha. Porém, segundo Jonatas, ele e Moisés foram sequestrados por policiais.
Jonatas afirma ainda que ao chegar na Estrada do Derba, em Valéria, os seqüestradores ligaram para PMs da 31ª Companhia Independente da Polícia Militar (Valéria). Os policiais chegaram ao local pouco depois numa viatura e forneceram armas aos sequestradores, segundo o rapaz.
Na madrugada do dia 10 deste mês, após conseguir fugir dos sequestradores, Jonatas chegou à casa de parentes e procurou a 12ª Delegacia (Itapuã) ainda algemado.
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A delegada Francineide Moura é a responsável por investigar a morte de Moisés Magalhães Pinheiro, de 28 anos, em Salvador. Jonatas dos Santos Dantas, de 22 anos, afirma que sobreviveu à ação e que Popó, ex-campeão mundial de boxe, foi o mandante do assassinato. Segundo a delegada, Pinheiro já havia sido preso por roubo, e Dantas tem passagem pela polícia por receptação de carro roubado.
Segundo a delegada, Dantas disse que o motivo do crime seria o relacionamento que ele teve com uma sobrinha do ex-pugilista. A garota é menor de idade e também prestou depoimento nesta nesta quinta-feira.
O rapaz afirma que passou cinco dias com menina em uma casa em Itapuã e que, no dia 9, Popó foi buscá-la. Nesse momento, segundo a delegada Francineide Moura, Popó teria dito aos rapazes que mandaria a polícia atrás deles.
Algumas horas depois, no final da tarde, Dantas afirma que foi abordado junto com Pinheiro por dois homens. Eles teriam sido levados para uma estrada, onde Pinheiro foi morto a tiros. Dantas disse à polícia que conseguiu escapar dos tiros porque pulou uma ribanceira e fugiu.
Habib disse ainda que Popó não conhecia as vítimas. "Eles nunca tiveram contato e nunca se conheceram. Na investigação, é a palavra do rapaz [Dantas] contra a de Popó. Não há prova alguma, nem do que acusar o Popó neste caso. Ele [Popó] só foi buscar a sobrinha naquela casa porque assumiu o papel de pai dela."
De acordo com a delegada Francineide Moura, Dantas foi encontrado com uma algema. E essa algema teria o símbolo da polícia. Mas, segundo ela, mesmo que a algema seja da polícia, isso não significa que tenha havido envolvimento de policiais no crime, pois a algema pode ter sido roubada.