Pelo menos duas vezes ao ano o Porto de Salvador recebe uma carga de "yellow cake", proveniente de Caetité, onde funciona a INB - Indústrias Nucleares do Brasil -, sem que exista o devido monitoramento.
Transportado em caminhões, o material circula por vias centrais da cidade, em áreas de grande circulação de veículos e concentração populacional, o que gerou um protesto do Green Peace, no final do ano passado.
Carballal destacou o risco à vida das pessoas nos mais de 40 municípios por onde os caminhões com a carga radioativa passam e, por esse motivo, idealizou projeto de lei, apresentado à Câmara Municipal, regulamentando o transporte, uso e estocagem de material de origem radioativa. O projeto, inclusive, obriga o poder público a manter um registro de todos os equipamentos (médicos e tecnológicos) existentes na cidade que utilizam material radioativo.
MINA
A mina de urânio, em Caetité, é a única existente no País e tem sofrido severas críticas da população do município, que denuncia contaminação da água, de animais e moradores. A representante do Green Peace, Rebeca Leres, reclamou da falta de segurança no transporte e de fiscalização na produção. "É necessário ampliar o debate.
Temos exemplos de novas fontes de energia renovável, como a eólica (através da força dos ventos) e que geram emprego e renda sem riscos à população", explicou.
O padre Osvaldino Barbosa, representante da comunidade de Caetité, contou que foram constatados vários poços artesianos contaminados pela radioatividade no município e que precisaram ser lacrados. A cidade sofre com a falta de água e cerca de três mil famílias consomem água não-tratada, enquanto a mineradora de urânio utiliza o líquido em quantidade na produção. Ele elogiou a iniciativa do vereador Carballal.
"A sociedade precisa conhecer o problema e pressionar o poder público para evitar que as populações corram risco".