Salvador

CÂMARA VEREADORES DEBATE SOBRE TRANSPORTE RADIOATIVO SEM AVANÇAR

Vide
| 10/03/2009 às 17:01
  A polêmica em torno do transporte de material radioativo através do Porto de Salvador rendeu debate hoje (10), pela manhã, na Câmara Municipal. Ativistas do Green Peace, moradores de Caetité (município situado a 757 km da capital), Sindicato dos Portuários, integrantes do MST, Instituto Paulo Jakcson, sindicatos rurais, estudantes e religiosos mostraram seu descontentamento com o processo de exploração e destino do urânio, concentrado na forma de "yellow cake", que é exportado para países como Canadá e Holanda. O debate foi promovido pelo vereador Carballal (PT), em sessão especial.


Pelo menos duas vezes ao ano o Porto de Salvador recebe uma carga de "yellow cake", proveniente de Caetité, onde funciona a INB - Indústrias Nucleares do Brasil -, sem que exista o devido monitoramento.
 
Transportado em caminhões, o material circula por vias centrais da cidade, em áreas de grande circulação de veículos e concentração populacional, o que gerou um protesto do Green Peace, no final do ano passado.


Carballal destacou o risco à vida das pessoas nos mais de 40 municípios por onde os caminhões com a carga radioativa passam e, por esse motivo, idealizou projeto de lei, apresentado à Câmara Municipal, regulamentando o transporte, uso e estocagem de material de origem radioativa. O projeto, inclusive, obriga o poder público a manter um registro de todos os equipamentos (médicos e tecnológicos) existentes na cidade que utilizam material radioativo.


MINA

A mina de urânio, em Caetité, é a única existente no País e tem sofrido severas críticas da população do município, que denuncia contaminação da água, de animais e moradores. A representante do Green Peace, Rebeca Leres, reclamou da falta de segurança no transporte e de fiscalização na produção. "É necessário ampliar o debate.

Temos exemplos de novas fontes de energia renovável, como a eólica (através da força dos ventos) e que geram emprego e renda sem riscos à população", explicou.


O padre Osvaldino Barbosa, representante da comunidade de Caetité, contou que foram constatados vários poços artesianos contaminados pela radioatividade no município e que precisaram ser lacrados. A cidade sofre com a falta de água e cerca de três mil famílias consomem água não-tratada, enquanto a mineradora de urânio utiliza o líquido em quantidade na produção. Ele elogiou a iniciativa do vereador Carballal.

"A sociedade precisa conhecer o problema e pressionar o poder público para evitar que as populações corram risco".