Salvador

VEREADORA PROPÕE NOME DE ZULMIRA BARROS PARA POSTO DE SAÚDE

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| 06/02/2009 às 21:11
  Uma das primeiras iniciativas do mandato da vereadora Marta Rodrigues (PT) foi propor, por meio da Indicação nº 05/09, apresentada dia 3 de fevereiro, que o posto municipal de saúde das comunidades de Paraíso Azul e Recanto Feliz, do bairro de Costa Azul, seja batizado com o nome de Mira Barros. Uma homenagem à líder comunitária e diarista Zulmira Barros, que morreu em janeiro deste ano. "É um legítimo direito para uma liderança que sempre defendeu sua comunidade", justifica.


Na Indicação, dirigida ao prefeito João Henrique Carneiro, a vereadora argumenta que Mira era uma liderança que tinha como objetivo apenas as causas coletivas. "Morou até sua morte, em 3 de janeiro de 2009, em barraco na sua comunidade e sempre priorizava as famílias por ela representada. Tinha clareza que sua casa seria a última a ser urbanizada, pois nunca deu margem para críticas", enfatiza Marta Rodrigues, considerando mais do que justa a homenagem.


Mira Barros foi coordenadora nacional da União por Moradia Popular, de 2006 a 2008, e coordenadora estadual desde 2006. Dedicava-se, também, "de corpo e alma", como destaca a vereadora na Indicação, ao projeto do crédito solidário da Estrada Velha do Aeroporto, tendo coordenado a comissão responsável pela seleção das 312 famílias da área.


Defensora intransigente da transparência nas ações comunitárias, influenciou para que a Associação de Moradores Santa Rosa de Lima, que representa as comunidades de Paraíso Azul e Recanto Feliz, mudasse do sistema presidencialista para direção colegiada. Durante 10 anos ela participou ativamente das lutas da entidade por moradia, defesa dos direitos das crianças e adolescentes e pela ampliação dos conselhos tutelares.


"Sua preocupação sempre esteve voltada para os jovens e como defendê-los da violência. Por isso criou na comunidade o projeto Pró-Juventude, onde os adolescentes decidem suas ações em coletividade", diz Marta Rodrigues ao propor o nome de Mira para o posto de saúde.


Entre as ações da líder comunitária a vereadora aponta, ainda, a coordenação do processo urbanístico das comunidades, sendo que na primeira etapa foram construídos 13 blocos de 16 apartamentos e outros tipo village; a conquista da Escola Padre Confa, para que as crianças não precisassem sair da comunidade; a construção de outra escola, com centro comunitário, área para reuniões, capoeira, cozinha e vários cursos. Quando morreu Mira estava empenhada na construção do infocentro, um dos primeiros a ser incluído no programa da Coelba por troca de geladeiras. "Mira nunca aceitava derrotas e nem nada escondido. Ela defendia sempre a transparência na ação política", reforça Marta.


O INÍCIO
 

Mira Barros nasceu na cidade de Boa Vista do Tupim, no interior baiano, em 20 de março de 1968. Começou a trabalhar em uma fazenda ainda na infância, aos 10 anos de idade, para ajudar à família e custear os estudos. Aos 11 anos mudou-se para a capital, passando a morar nas comunidades da Rocinha e Cai Duro, que sofreram um violento processo de despejo. "Nessa diáspora, algumas famílias foram para São Cristóvão e outras para o Costa Azul, constituindo as comunidades de Paraíso Azul e Recanto Feliz. Mira foi a catequista da comunidade de São Cristóvão por dois anos", explica a autora da proposta de homenagear a líder comunitária.