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Na belíssima foto de Alberto Coutinho à reverência a orixá
Foto: Foto: Alberto Coutinho
A festa de Iemanjá, a única do calendário de Salvador que reverencia uma orixá sem ligações com o sincretismo católico teve seu ponto alto às 16h quando deslocou-se o cortejo principal, e os barcos partiram rumo ao mar, levando presentes - perfumes, sabonetes, águas de cheiro e flores. Na embarcação que puxou o cortejo foi o presente principal dos pescadores, que fazem pedidos a orixá. Logo atrás, embarcações levam outros balaios, seguindo o saveiro principal em procissão, até a chegada ao local determinado para 'arriar' as oferendas. De acordo com a lenda, se a Mãe d'Água não aceitar os presentes, os balaios flutuam, o que é mau sinal. O cortejo toma conta do Rio Vermelho ao som de apresentações de artistas locais em 'arrastões' pelas ruas, nos palcos montados nas esquinas e pelas casas do bairro.
Barracas comercializam quitutes regionais e pratos tradicionais, bebidas, além das baianas de acarajé e vendedores ambulantes. Os hotéis do bairro também participam da folia, com festas privadas ao som das estrelas da música baiana.
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LAURO DE FREITAS
As cores azul e branca estampadas nas camisetas refletiam a devoção de centenas de laurofreitenses que foram na manhã desta segunda-feira (2) homenagear Iemanjá, na Praia de Buraquinho. A tradicional entrega dos presentes, organizada pela Colônia de Pescadores e pelo Terreiro São Jorge Filho da Goméia, contou com apoio da Prefeitura Municipal e atraiu turistas e devotos da Rainha do Mar que preferiram presenteá-la em águas mais tranqüilas.
Toda de branco, a prefeita Moema Gramacho presenteou com flores a orixá e pediu proteção e paz para os laurofreitenses em 2009. A turista paulista, Susana Venâncio, que participou dos festejos em Buraquinho com toda a família, disse que prefere fugir do agito do Rio Vermelho. "Aqui é mais calmo e posso agradecer com calma tudo de bom que Iemanjá me proporcionou no ano passado". Marinheira de primeira viagem em águas baianas, a paulista se surpreendeu com o balaio ecológico, composto por oferendas não poluentes e biodegradáveis.
Mãe Lúcia, do Terreiro da Goméia, garantiu que a retirada dos espelhos, bonecas, pentes e perfumes do balaio não influencia nos preceitos do candomblé de homenagem à orixá. "O que se oferece à Yemanjá ou Kayala já é biodegradável, que são as flores e o milho branco". Além da retirada dos materiais poluentes, os balaios são confeccionados em papel, pela Oficina de Reciclagem e Reutilização Artesanal de Papel, da Secretaria de Serviços Públicos (Sesp), desde 2005.
Antes da partida para o alto mar, mães, filhos de santo e curiosos entoaram o "Xirê", cantos que trazem boa sorte para os filhos de Iemanjá. "Trabalhamos diariamente no mar e temos que pedir proteção. Também temos que agradecer o bom pescado que tivemos no ano passado", disse Jonas Tomaz dos Santos, presidente da Colônia de Pescadores.