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É realmente surpreendente, mas parece que os políticos baianos ainda não perceberam a importância dos servidores públicos no cenário político, e, de vez em quando, se deparam com a resposta deles nas urnas, mostrando que a categoria deve ser tratada com mais atenção.
A eleição para a prefeitura municipal de Salvador é mais um exemplo disso, e a derrota de Pinheiro deverá ser mais difícil de ser digerida por Wagner do que por ele próprio. O excesso de Mesas Centrais e Setoriais de Negociação, Comissões de Negociação Permanente e Grupos de Trabalho, aliado ao peleguismo de certos sindicatos só serviram para retardar a discussão das reivindicações dos trabalhadores que viram suas vantagens salariais serem aviltadas por projetos que consumiram o abono salarial, extinção de vantagens pessoais e recuperação de perdas que se arrastarão por décadas, em suma uma negligência impensável para um governo petista.
Não foi à toa que a emblemática diferença de votos entre o candidato eleito João Henrique e o candidato derrotado Walter Pinheiro, beirou os 218 mil votos, esta é a quantidade aproximada de servidores públicos estaduais lotados na capital baiana, número que, apesar de não guardar qualquer relação direta com os resultados, serve para lembrar o quanto significativo é esta parcela de eleitores.
Jamais a equipe do governo Wagner deveria permitir que os dissídios salariais se alastrassem durante o período eleitoral, assim como as reivindicações dos policiais civis e militares, procuradores e professores, ficando patente de que a atual gestão não está atenta para o que esperam seus mais fiéis colaboradores, os servidores públicos.
Questões como a reestruturação de carreiras no fisco baiano, com o representante do governador defendendo uma proposta inconstitucional e recusando-se a discutir questões salariais até que o seu projeto seja aceito, tem merecido amplo espaço na imprensa e na sociedade organizada, mas ainda assim a equipe do governador se recusa a discutir o tema de frente, preferindo as críticas dos deputados, que vêem na proposta de aparelhamento político da secretaria da fazenda a oportunidade de se questionar aspectos relacionados à moralidade administrativa do governo Wagner, diante do surgimento de um novo e escandaloso Trem da Alegria na Secretaria da Fazenda, que promete agitar a mídia nos próximos dias.
O recente protesto dos procuradores do estado, preocupados com o sucateamento da instituição e a possível delegação de competências privativas é outro ponto que deveria ser tratado mais de perto pelo Governador, já que recentemente foi motivo de uma nota bastante forte na imprensa, chamando a atenção da comunidade jurídica do estado.
A desintegração política dos sindicatos que debandaram em favor de um governo petista também é motivo de preocupação, haja vista abrir espaços para manifestações individualizadas de servidores e a formação de novas entidades de classe, com orientação política diversa da qual o ajudou a se eleger, sem contar com a grave crise organizacional instalada, com afastamento da equipe de colaboradores dos mais diferenciados setores podendo, indiscutivelmente, resultar em prejuízos a tão delicada governabilidade de um estado que precisa arrecadar mais, atrair mais investimentos, gerar mais empregos e distribuir melhor a sua renda, sob pena de ver o empobrecimento de sua população, sobremaneira diante do cenário macroeconômico que se acena.
O Governador Wagner precisa tomar rumo da situação, sob pena de ver sua nau desgovernar. Questões como a dos auditores fiscais, procuradores de estado, policiais civis e militares precisam passar diretamente para as suas mãos, pois os atuais gestores não vêem tendo a necessária sensibilidade para tratar destas questões, e o indiscutível fortalecimento do PMDB nas eleições municipais, quando fez a maioria dos grandes cidades, inclusive a capital baiana, aponta para um necessário realinhamento político eleitoral, e o servidor público mais uma vez será o fiel da balança. (João E. dos Santos Bel em Ciências Contábeis)