Aumenta clima de revolta entre os policiais civis e militares diante da falta de segurança às suas vidas.
Nesta quarta-feira, 15, o Policial Militar, Raimundo José Bonfim, 42 anos, foi assassinado à 1 hora da madrugada, na passarela que liga o bairro Cosme de Farias ao outro lado da rua onde fica a loja de ferragens Casa Elói.
Segundo o major Humberto Sturaro, que servia na 14ª Companhia de Polícia (CP), em Lobato, com Raimundo, o PM estava em casa, quando resolveu sair para jogar baralho. Quando seguia de moto, ele avistou dois grupos, um que simulava colar propaganda política e outro escondido. O major informou que eles estavam atrás de um traficante e viram o policial. Raimundo ainda tentou fugir, abandonando a moto ligada e subiu a passarela, mas foi atingido por oito dos 15 tiros disparados.
Os cerca de 12 bandidos fugiram levando a arma do policial, mas deixando os documentos e a moto. O PM foi socorrido por uma viatura das Rondas Especiais da PM (Rondesp) para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas já chegou sem sinais vitais e com ferimentos na nuca.
MAIS MORTE
Após a morte de Raimundo, o vizinho dele, Vagner dos Santos Ferreira, 20 anos, foi baleado, às 6 horas desta quarta, na Rua Doutor Francisco Bandeira Rolim, que fica à margem da passarela onde aconteceu o crime contra o policial. Ele foi baleado na garganta, abdômen e braço esquerdo. O rapaz foi encaminhado para o HGE, onde passou por cirurgia, mas não resistiu.
De acordo com a ocorrência registrada no posto policial do HGE, Vagner foi atingido em uma troca de tiros com policiais, relacionada ao assassinato de Raimundo.
O pai do jovem, o segurança Edvaldo Mendes Ferreira, 46, negou a informação. Ele disse que o filho não tem envolvimento no crime e que os dois eram amigos. "A mulher de Raimundo inclusive vivia aqui em casa. Somos vizinhos. Eles eram amigos", disse.
Morte do policial
Edvaldo conta que quando Raimundo foi assassinado, o filho estava na rua com amigos, como sempre faz. Depois da confusão, ele foi para casa e os pais pediram para ele não sair mais e foram dormir.
Às 6 horas, foram avisados do atentado contra o filho, sem saber o que aconteceu. Apesar dos dois crimes, Edvaldo, que mora no local há cerca de um ano, diz que a rua é tranqüila. "Não tem nem briga aqui. Nunca soube de nada", conta.
Vagner não tinha emprego fixo. De acordo com o pai, fazia "bico" com um rapaz que trabalha fazendo janelas. Ele era casado e a mulher está grávida de uma menina.
Raimundo também tinha filhos. Ele deixou duas meninas, de 12 e 9 anos, e um menino de 6 anos, que teve com a primeira esposa, além de uma garota de 1 ano e 6 meses, filha da atual mulher.
O policial trabalhava para o Esquadrão Águia e atualmente servia na 14ª CP, em Lobato. Raimundo tinha 20 anos na PM. De acordo com a família, também fazia "bico" como segurança.
Investigação
De acordo com o irmão do policial, Navarro Lúcio Bonfim, 54, Raimundo recebeu uma ligação restrita minutos antes do crime. Por isso, o celular foi recolhido pela polícia para perícia.
A Delegacia de Homicídios investiga o homicídio do policial e a 6ª CP, em Brotas, a tentativa contra Vagner.
Este é o 27º policial militar assassinado em Salvador este ano.