Salvador

PÁROCO DE SÃO LÁZARO PEDE PAZ À CIDADE DO SALVADOR NO MÊS DE OMOLU

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| 04/08/2008 às 10:01
Banho de pipoca para espantar males bem pra longe, em frente a igreja de São Lázaro (Foto/BJá)
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  Com a igreja de São Lázaro, Federação, repleta de fiéis foi celebrada a missa para São Lázaro (Omolu no sincretismo afro-baiano) com a presença e participação de centenas de pessoas vinculadas ao povo-de-santo.

  Na homilia, o padre Rosivaldo, pediu para que todos praticassem a paz e evitassem a violência que está dominando na cidade do Salvador.

  O pároco lembrou da campanha lançada recentemente pelo cardeal Geraldo Majella, uma ação continuada voltada para a paz através de orações, e conclamou os fiéis a integrarem essa "corrente de fé pela paz".

   A igreja de São Lázaro ficou pequena para a quantidade de fiéis. Muitos deles ficaram de fora do templo, como as integrantes do Terreiro Tauá, de Itinga, mãe-Rosa, Telma e Carolina que conduziam cestos com pipocas para as oferendas ao santo e o tradiconal banho de pipoca para afugentar as doenças.

   Dona Cecília Santos, moradora do Garcia, tomou um "banho de pipoca" em fente ao templo e disse ao BJá que faz isso há mais de 10 anos, "para purificar o corpo dos males", comentou. 
  
  OMOLU

   Omolu é um orixá africano cultuado nas religiões afro-brasileiras que o tem como o Senhor da Morte, uma vez que é o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual.


   Muitas vezes confundido com o Orixá Obaluayê, tanto que, no Brasil, muitas casas de santo cultuam Obaluayê e Omolu como um só orixá, Omolu é, no entanto, um orixá que se aproxima de Obaluayê, mas possui uma identidade própria.


  Mas assim como Omolu pode trazer a doença, ele também a leva. Os devotos lhe atribuem curas milagrosas, realizando oferendas de pipocas, o deburu ou doburu, em sua homenagem ou jogando-as sobre o doente como descarrego.


  Em algumas casas de santo, as pipocas são estouradas em panelas com areia da praia aquecida, lembrando a relação desse orixá, chamado respeitosamente de Tatá Omolu, com Iemanjá.
 
   Afinal, conta uma lenda que Omolu, muito doente, foi curado à beira-mar pela água salina, tendo Iemanjá o tomado como filho adotivo. Por isso, também são realizadas oferendas a Omolu nas areias das praias do litoral brasileiro. Vestido com palha-da-costa e com contas nas cores vermelha, preta e branca, Omolu dança o opanijé, dança ritual marcada pelo ritmo lento com pausas, enquanto segura em suas mãos o xaxará, instrumento ritual também feito de palha-da-costa e recoberto de búzios. Em alguns momentos da dança, Omolu espanta os eguns, os espíritos dos mortos, com movimentos rituais.


   Omolu também possui relação com Iansã, em especial Oiá Igbalé, qualidade de Iansã que costuma dançar na ponta dos pés e direciona os eguns para o reino de Omolu.


  Junto a Nanã Buruquê e Oxumaré, forma a família de orixás dahomeana, costuma ser reverenciado às segundas-feiras e sincretizado com os santos católicos São Lázaro e São Bento de Núrsia, patrono da boa morte.


  No município de Cachoeira (Bahia), Omolu é cultuado pela Irmandade da Boa Morte que faz a lavagem da Igreja de São Lázaro.