Há quase dois anos após o início do embargo judicial ao projeto de requalificação das barracas da orla atlântica de Salvador, os barraqueiros ainda se encontram em situação indefinida e pedem ajuda para que solução não seja ainda mais adiada.
Acompanhado de dezenas de donos de barracas de praia, que ocuparam as galerias da Câmara, Renato Mota, vice-presidente da Associação dos Barraqueiros de Praia da Orla Marítima de Salvador, entende que a situação não deve ser tratada como uma disputa política, mas acredita que somente com a união e empenho de representantes públicos se poderá resolver o impasse judicial que tanto prejudica a renda dos barraqueiros.
Renato fez questão de ressaltar que não lhe interessa falar mal de ninguém, pois busca apenas tentar reunir forças para solucionar o problema. "Buscar mudar o perfil das barracas de praia deu errado, mas em nenhum momento podemos dizer que faltou apoio dos poderes públicos. Não podemos pôr o prefeito na guilhotina, pois ele tinha uma proposta de melhorar a orla, mas deu errado", afirmou.
Entendendo que um novo projeto de reformulação da orla pode ocasionar uma redução no número de estabelecimentos, Renato busca de uma solução para que os barraqueiros possam sustentar suas famílias com dignidade. Ele propõe que as discussões contemplem a possibilidade de se negociar a saída voluntária dos barraqueiros, que hoje são cerca de 350, dos seus pontos na orla através de compensações que possibilitem uma nova fonte de renda.
O ALGOZ
O vereador Virgílio Pacheco (PPS), que convidou os barraqueiros para utilizar a Tribuna Popular da Câmara, condena o prefeito pela situação que se encontra a orla da cidade: "O algoz foi João Henrique, que de forma atabalhoada fez intervenções na orla sem uma correta orientação ambiental e depois não soube administrar".
Virgílio afirma que o Ministério Público está disposto a negociar, mas, como avalia, a inércia e falta de vontade de política por parte da prefeitura impede que o diálogo ocorra. Ele fez um apelo aos vereadores governistas para que o prefeito seja estimulado a tomar uma iniciativa.
Apontando culpados para o fracasso do projeto de re-qualificação da orla, o vereador Celso Cotrim (PSB) acredita que o ex-secretário de Serviços Públicos Arnando Lessa e a gerente do Patrimônio da União, Ana Lúcia Villas-Boas, quem, segundo o vereador, está respondendo processos por uso indevido do dinheiro público, são diretamente responsáveis pela situação que se encontram hoje os barraqueiros. Cotrim propõe ao Executivo Municipal procurar ajudar no Governo Federal para que seja realizado um projeto assim como aconteceu em Maceió.
O vereador Gilberto José (PDT) também reclama sobre o estado de abandono da orla de Salvador: "Alguém tem que resolver esta questão, pois a orla está favelizada. Depois de dois anos não se resolveu nada. Salvador é uma cidade feia, está um cenário perfeito para filmar Capitães de Areia, uma cidade da década 30", criticou.
Crítico à atual administração municipal, o vereador Téo Senna (PTC) entende que, diferente de João Durval, que conseguiu reformar a orla de Salvador e será lembrado pelo sucesso da empreitada, o prefeito João Henrique marcará seu nome na história por ter destruído a orla da cidade. "Precisamos de um administrador que consiga unir forças e que tenha comando para administrar a cidade", avaliou.
Os vereadores Antonio Lima (DEM) e José Carlos Fernandes (PSDB) também se colocaram ao lado dos barraqueiros, declarando disposição para ajudá-los a intermediar o debate entre os poderes públicos.