Colunistas / Literatura
Rosa de Lima

ROSA DE LIMA come moqueca e saboreia Baianidade de Jolivaldo Freitas

ivro é editado pela Farol da Barra e narra causos bem interessantes sobre a Bahia
20/01/2013 às 18:07
O cronista e jornalista Jolivaldo Freitas nos presenteia neste verão com um livro de crônicas sobre causos baianos com tempero bem humorado e linguagem típica da baianada, uma maneira bem interessante de se conhecer um pouco mais sobre a sua gente, até de forma mais abrangente sem se reportar apenas a passagnes na capital Salvador e do Recôpncavo, regiões que, tradicionalmente, são mais abordadas pelos escritores mais destacados da Bahia. 

   Baianidade, Baianadas, Balangandãs & Mandigas - como ser baiano, guia de palavras e expressões do baianês - Editora Farol da Barra, 175 páginas, tem altos e baixos, natural em qualquer trabalho dessa natureza, quase um folhetim para veraneio, porque nem todos os textos tem a picardia de "O vento encanado", o melhor da seleta; nem um autor, qualquer que seja, salvo raríssimas exceções, consegue de fio-a-pavio, no início, meio e fim, produzir uma peça literária, em crônicas, que contemple em cheio o gosto dos leitores.

   E Jolivaldo não escapa dessa armadilha, digamos assim, talvez no afã de presentear os leitores com o melhor de sua pena, sem os cuidados de dar uma boa forma a todos os textos como o fez em "Armando Sobrancelha de Veludo" e a "Onça, a Cobra, o Cometa e o Umbuzeiro" deixando para o final do trabalho a parte sobre a Independência da Bahia, que mereceia uma atenção melhor.

   Nada que comprometa o trabalho em sí. Claro que preferiria um texto criativo e uniforme subindo ladeira como o personagem Duu de Mucugê ou Tchuco de Riachão do Jacuipe, mas, a vida como ela é, nem Nelson Rodrigues, o "gênio" da crônica conseguiu isso, muito menos Rubem Braga, outro bambam da expressão cotidiana da vida, que estaria a completar 100 anos se vivo fosse, foi capaz de tal façanha, dado que o cronista é capaz de encher pastel de vento e escrever sobre seu próprio bigode, sapatos e cuecas.

   A crônica em Jolivaldo é um estado de espirito da baianidade, de Bahia, a terra das mandigas e ebós, forma empírica de se achar uma explicação para tal modo de vida, e o autor até tentou em "Que diabos é baianidade",  de forma genérica e ampla, sem, contudo, chegar a um senso comum uma vez que, como ele mesmo diz, poder ser o cabelo rosa, a moqueca, a torcida do Bahia, a torcida do Fluminense de Feira de  Santana (sic), o cabelo do rasta, a moqueca de dendê, a pimenta malagueta e assim por diante.
Jolivaldo tem um tom próprio de escrever as suas crônicas, e isso o faz semanalmnte a há anos na Tribuna da Bahia, neste e em outros sites e também em livros, com traço pessoal e bem peculiar, humor a flor da pele, usando uma linguagem nua e crua direta com o leitor "...as sandálias de couro cru levavam meses para perder o cheiro de cocô, tendo que se colocar ao sol todos os dias..." e o gostinho da Bahia: "Andar pela Feira de Água de Meninos, antes de pegar fogo, ir para a Feira de São Joaquim ou Feira do Curtume, era um passeio inesquecível".

   Em Baianidade, Baianadas, Balangandãs & Mandigas o (a) leitor (at) vai encontrar todo esse dendê baiano num livro que se devora ou comendo uma moqueca de miolos no Porto Moreira ou quebrando patas de caranguejo e bebericando uma gelada à beira mar da Barra, no Sergipe, que sendo Sergipe é Bahia, e quando menos se espera o livro acabou e você ficará com vontade de pedir mais uma moqueca e comprar um novo livro nesse mesmo estilo.

   Vai, corre à livraria, e compra o livro de Jolivaldo, para os mais amigos, aliás amigas, Joli,  o bom de pena e de garfo.