Colunistas / Literatura
Rosa de Lima

JULIAN ASSANGE, O GUERREIRO DA VERDADE, UM TEMA BEM ATUAL

Comentário sobre livro do fundador do WikiLeaks
27/11/2011 às 08:02

Foto: BJÁ
Julian Assange, o Guerreiro da Verdade foi editado pela Prumo, e tem nossa recomendação
  O livro das jornalistas norte-americanas Valerie Guichaoua e Sophie Radermecker sobre a trajetória de Julian Assange intitulado "Guerreiro da Verdade", editado no Brasil pela Prumo, revela traços da biografia do criador do site Wikileaks, meio web que deu uma mexida no mundo das comunicações com suas revelações de fatos que aconteceram nas guerras do Iraque e do Afeganistão, países ocupados por tropas americanas.
   O livro é instigante e revelador sobretudo, porque pouco sabíamos da personalidade de Assange nos trópicos de acá, as aventuras e atitudes de rebeldia de sua mãe Christine Assange, uma militante feminista australiana que fez escola em seu país organizando a marcha do biquíni em resposta ao discurso sexista de um líder islâmico, e de como esse jovem criado num ambiente dessa natureza, com família constituída nos padrões anti-convencionais se tornou tão polêmico e revolucionário.



  Aos 14 anos de idade, Julian já tinha passado por 37 escolas diante da trajetória itinerante de sua mãe Christine, desde a ilha magnética (Magnetic Island, Townsville, costa Nordeste da Austrália) onde se refugiou entre hippies e a vida natureba até Melbourne e seu ativismo anti-sexista, para se tornar quando adulto e com a grife título de jornalista em esmagar conspirações, incentivar a liberdade de expressão, sacudir os cidadãos e lutar contra as injustiças, se utilizando de um meio de comunicação (web-site) e uma ferramenta (Wikileaks) que mudaram o conceito de comunicação no mundo, e ainda estão modificando, pois, em processo.



   Estamos vivendo, literalmente, uma revolução na comunicação e os sites e blogs nacionais em certo sentido se assemelham ao WikiLeaks e disseminam a cada dia informações que não eram divulgadas pelas mídias tradicionais, de forma mais democrática e popular,  pois expressam opiniões sem amarras e/ou compromissos inerentes às grandes empresas, agora, mais poderosos do que há 5 anos, com integração com as redes sociais.



   Quando o WikiLeaks, no momento em que necessitou de uma âncora à sua grife, se utilizou da máxima da complementariedade com suporte do meio tradicional e se aliou a três grandes nomes do jornalismo impresso: o britânico The Guardian, o americano The New York Times e o alemão Der Spiegel com o objetivo dei arrastar consigo três pesos-pesados da imprensa internacional, os quais tiveram prioridade nos documentos confidenciais, nesse compartilhamento que foi o mais importante vazamento da história militar recente.



  Em julho de 2010, após receberam as cópias de 92 mil relatórios sobre a guerra no Afeganistão os jornais enfrentaram o drama de publicá-los sem identificar as procedências ou deixar o WikiLeaks sozinho com seu material bruto.
 
  Cada jornal, no entanto, topou a parada e editou várias centenas de documentos, todos discutidos, o The Guardian apoiado em cartografias; o NYT com longo artigo resgatando o contexto integral dos pontos marcantes; e o Der Siegel, por uma projeção de slides. Estima-se que 560 jornalistas trabalharam nessas missões. E outros milhares em todo mundo quando um total de 220.000 documentos foram divulgados.



  O livro, portanto, além de trazer ao público essas informações de forma um pouco mais detalhada do que já se conhecia na própria web-mídia, trata-se de um libelo ao papel da imprensa e esse novo exército de guerreiros da verdade, o trabalho que cada um exerce no mundo (veja que a Primavera Árabe já detonou o governo de 4 ditaduras graças a esse suporte), o diálogo dos hackers vistos como profissionais avançados desse mercado, não apenas para o mal (assim entendido), mas como técnicos de sistemas complicados, as novas tecnologias, a conspiração das elites políticas e os conceitos de direita e esquerda ainda muito usados no Brasil, mas completamente superados, a compreensão dos ambientes computadorizados, o Sophox, o Mendax e a gênese do WikiLeaks.



  O trabalho das jornalistas norte-americanas para quem deseja compreender o que se passa no mundo a partir dessa revolução das comunicações, com o uso da internet e o web-jornalismo ancorado nas redes sociais e na mídia tradicional, pois tudo está intrinsecamente apegado um ao outro, sem dissociações, embora com conceitos e abordagens diferenciadas, é muito interessante.



  Como nossa proposta nesta coluna não é apenas abordar a literatura pura, digamos assim a ficção literária, o livro Julian Assange - O Gurreiro da Verdade se insere nesse contexto e é uma recomendação que fazemos aos nossos leitores.