Por que estão com notas tão baixas se trabalham muito? Veja nosso comentário.
Tasso Franco , Salvador |
22/12/2025 às 10:05
Na tabela escolar de 1 a 5, Jerônimo tem 5.1 e Bruno Reis 5.6
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Os dois principais gestores da administração pública na Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o prefeito da capital, Bruno Reis (União) estão situados em níveis médios segundo o levantamento da AtlasIntel o primeiro com 51% de aprovação, 45% de reprovação e 4% não sabem; e o segundo com 56% de aprovação, 30% de reprovação e 14% não sabem.
Ou seja, para que o leitor possa entender melhor numa avalição de notas de 1 a 10, o governador tem 5.1 e o prefeito 5.6. Estão de mãos dadas praticamente no meio da escala precisando, ambos, melhorarem suas performances.
Era de se esperar que ambos estivessem melhores e mais bem avaliados sobretudo o governador Jerônimo Rodrigues que está há 3 anos no comando do governo, anda pelo estado de Norte a Sul; de Leste a Oeste inaugurando obras, entregando carros de polícia e ambulâncias, apoiando fortemente a agricultura familiar; e também o prefeito Bruno Reis, em segundo mandato, reeleito em 2024 com 80% dos votos, e uma avaliação desse mesmo instituto que era de 79%, cair abruptamente para 56%.
O que teria acontecido se ambos trabalham sem cessar, são bastante esforçados, inauguram obras, investem em publicidade, têm equipes estruturadas – só no estado são 26 secretarias, uma delas extraordinária, da Ponte – e não conseguem aprovações mais destacadas?
Sobre a gestão de Jerônimo já comentamos aqui que seu maior problema é a não gestão moderna e antenada com a contemporaneidade, pois, não há um projeto de desenvolvimento econômico para o estado, e o gestor administra um varejão de obras quase todas 100% públicas e não produtivas - colégios em tempo integral, hospitais, acessos rodoviários, bolsas de toda natureza, etc – sem uma interface mais ajustada com projetos da iniciativa privada.
E esses projetos são importantes, mas não proporcionam renda a população que se vê desamparada. E, mesmo os que existem nas áreas da educação e saúde o estudo da AtlasIIntel aponta na Segurança, educação rejeição entre 45% e 47%.
O governador, de sua parte, dificilmente terá condições de reverter essa situação, pois, para este primeiro mandato só lhe restam 6 meses, uma vez que no segundo semestre e até outubro/novembro o tempo será mais dedicado a campanha eleitoral para tentativa de sua reeleição. E, por conseguinte, diante desse quadro, a cúpula petista decidiu entronizar a chapa puro-sangue com os dois ex-governadores Jaques Wagner e Rui Costa ao Senado, para puxar Jerônimo, com o apoio decisivo de Lula.
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Sobre Bruno Reis também já fizemos alguns comentários nesse espaço mostrando que o prefeito visto pela população como de centro direita, adotou o discurso da esquerda politicamente correta centrando muito esforço numa ilusória Salvador Capital Afro e ao invés de cuidar da cidade como Salvador, ampla, mais aberta, com sentimento de baianidade próprio, embarcou na canoa furada de Salvador África.
Ora, a África é um continente com 55 países e não quer conta com Salvador. Busca reforçar sua própria identidade, seus caminhos, num continente onde a língua mais falada é o inglês com quase 400 milhões de pessoas. E, óbvio, se alguém na Índia, na China, na Asia de uma forma geral, nos EUA, na Europa, quer conhecer a cultura africana vai para Dakar, Egito, Etiópica, África do Sul e outros e não para Salvador.
Salvador deve respeitar e louvar a ancestralidade africana, mas, cuidar de si. A população dos bairros não quer saber disso. Quer ajuda, infra-estrutura, creches, asfalto na porta, transporte público perto de casa e zelo com a cidade. É ai que está a falha do prefeito nessa segunda gestão.
Sou morador da Barra. A população deste bairro votou 85% em Bruno Reis. Hoje, não teria 20% porque aos olhos dos moradores permitiu que a Barra, bairro residencial, se tornasse o lugar de eventos da capital, de toda natureza, da marcha para Jesus a protestos políticos, pagodes, lual, corridas de rua. Enfim, a Barra virou um inferno para os moradores. E, sobra, evidentemente, para a imagem do prefeito.
Posso citar vários exemplos de desleixos com a cidade que resultam em desgaste para imagem do prefeito. Caso, por exemplo, da Avenida Sabino Silva inaugurada por ele e desde então repleta de moradores em situação de rua e matos.
Será que não tem ninguém na enorme estrutura da Prefeitura para limpar essa avenida? O Super Mix fez um investimento enorme na entrada da avenida e no jardim em frente os moradores em situação de rua ocuparam os espaços. Será que ninguém vê isso?
Outro exemplo: neste Natal fui a Avenida 7 que está ordenada, organizada desde a administração ACM Neto, mas, já bagunçou tudo. O lado direito da 7 (no sentido centro) que era reservado aos pedestres foi ocupado por ambulantes de toda natureza e a Praça da Piedade, uma das mais importantes da cidade, ocupada por moradores em situação de rua, até gente cagando tinha a céu aberto e há várias tendas de moradores.
A cidade tem uma Guarda Municipal e onde anda ela? Se na época do Natal numa avenida de 9km que vai da Barra ao São Bento não há um guarda sequer, óbvio, o xingamento sobra para o prefeito. Já mostrei aqui neste BJÁ, a praça da Sé precisando de reparos, o Largo 2 de Julho abandonado, o Campo Grande precisando de reparos, a Marechal idem. Então, tudo isso, a população vai anotando, vai verificando, vai vendo como se diz no popular e sobra para a imagem do prefeito.
Bruno Reis tem ainda 3 anos pela frente, pilota uma equipe jovem e trabalhadora, mas, ele tem que mudar o discurso, cuidar da cidade, esquecer a segurança (salvo a patrimonial) que não é de sua competência direta, e cuidar de Salvador com zelo e como sendo uma cidade da Bahia, desenvolver projetos de tecnologia com interface da iniativa privada, reduzir a quantidade de eventos festivos e abrir portas para mais empreendedorismo.
Um exemplo rápido para fechar o pano: a cidade de São Paulo registra, em média, 1.2 mil empresas de tecnologia por mês. No primeiro semestre de 2025 surgiram 7.4 mil empresas ligadas a economia digital na capital paulista. (TF)