Política

ECONOMIA NO SÃO JOÃO: SÓ SHOW DE ALOK CUSTA 250.000 ESPIGAS DE MILHOS

UPB diz que SJ ajuda atividade econômica dos municípios, mas o que se gasta não cobre nem 1/3
Tasso Franco , da redação em Salvador | 22/06/2025 às 19:50
Em Serrinha, uma espiga de milho assado custa R$3,00
Foto: BJÁ
 MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Já comentamos aqui que os gastos com os festejos juninos feitos pelas Prefeituras e governos estadual e federal não têm retorno econômico que se propala, nem os investimentos movimentam a economia dos municípios a ponto de cobrir as despesas. Podemos dar vários exemplos disso. Recentemente, a UPB emitiu uma nota destacando que essa movimentação econômica é importante para os municípios. E, de fato, é. Porém, o que se observa é que os artistas alheios ao São João são os grandes beneficiados.

   2. Os produtos juninos que mais vendem no interior são o milho, o amendoim, a laranja e o licor. Estão por toda parte e vendem muito. Isso é real. Há uma fartura imensa de milho e a espiga do milho verde está sendo comercializada a R$0,70 centavos a unidade. Isto é, 14 espigadas por R$10,00. Em Serrinha, as espigas assadas custam 4 por R$10,00 sendo três médias (e/ou grandes) e uma pequena. A unidade assada custa R$3,00. Um show de Alok segundo o Portal de Transparência do MP custa R$750.000,00.

   3. Na venda de milho tomando por base uma espigada assada a R$3,00 seriam necessárias 250.000 espigas para cobrir as despesas. Um show de Alok dura em média 2 a 3 horas de batidão, som eletrônico. Imaginem vocês o que representa assar 250.000 espigas de milhos em trempes de ferro (como se vê na foto) por mulheres. Conversei com uma senhora em Serrinha que assa milhos ao lado da igreja matriz e ela me disse que consegue vender num dia bom 100 espigas de milho - R$300,00 bruto. 

   4. No caso do amendoim a conta é ainda mais fácil de ser feita. O litro do cozido custa R$10.00. Para cobrir um show de Wesley Safadão - segundo o MP custa R$1.100.000,00 - duas horas de espetáculo seriam necessários 110.000 litros de amendoim vendidos. 

   5. Quijingue que está na lista de shows de Safadão durante todo o ano de 2025 não tem essa capacidade de venda. No São João, em si, Quijingue não venderá nem 1.000 litros de amendoins cozidos nas suas ruas. Essa conta pode ser feita com outros produtos como licores (média de R20,00 um litro), laranjas, bolos, etc.

   6. As Prefeituras não cobram ISS nos espetáculos que promovem (os shows) porque são gratuitos para a população. Portanto, não tem o que cobrar. Diferente, por exemplo, da Vaquejada de Serrinha que vende ingressos ou dos camarotes do Carnaval de Salvador, Feira, etc. 

   7. Provavelmente, a maior arrecadação do Estado em ICMS seja nos combustíveis (27%) uma vez que há muitos deslocamentos de famílias de Salvador para o interior, os interregionais, e os ônibus das bandas e caminhões de produtos alimentícios e bebidas. Mas esse é uma item que independente do São João, embora nessa época aumentem as vendas e o fluxo de veículos.

   8. A hotelaria é também- em parte conversa fiada. Diz-se que os hotéis estão lotados. Primeiro vamos aguardar o relatório da ABIH sobre junho. Segundo, que hotelaria tem uma cidade como Araci ou a já citada Quijingue? São em sua maioria pequenas pousadas que nem anotações têm do fluxo de hospedes. 

   9. Valente, por exemplo, anuncia um São João "Boi Valente" como muitos shows. Que hotéis existem em Valente? Com esse nome de hotel de médio porte, nenhum. As cidades com maiores redes hoteleiras são Feira, Conquista, Ilhéus e outras de médio porte onde os festejos juninos não são tão incrementados.

   10. O certo, assim nos parece, observando os produtos que mais são comercializados nesta época do ano no interior que os gastos nas festas completamente descaracterizadas como juninas, mais uns showszões, não cobrem nem a missa metade.
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   11. 11. Com quase 7.400 atendimentos, os postos de testagem para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) montados em pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) durante o período junino continuam com foco nas ações de prevenção, testagem e aconselhamento. As unidades estão nos locais dos festejos em Alagoinhas, Amargosa, Cachoeira, Camaçari, Cruz das Almas, Ibicuí, Irecê, Itaberaba, Jequié, Salvador, Santo Antônio de Jesus e Senhor do Bonfim.

  12. Dos cerca de 29 mil exames realizados, 20 foram positivos para HIV, 5 para Hepatite B, 11 para Hepatite C e outros 284 para Sífilis. “É importante destacar que não são apenas essas 320 pessoas que tiveram algum resultado positivo que saíram com orientações. 

   13. Todas as 7.400 pessoas passaram pelo aconselhamento. Queremos que quem teve o resultado negativo permaneça nesta condição”, afirma Eleuzina Falcão, coordenadora de doenças transmissíveis da Sesab.

  14. Esta inciativa , que faz parte das ações do Governo do Estado durante o São João e teve um investimento de 13 milhões, busca ampliar e qualificar a oferta de diagnóstico e estratégias de vinculação relacionadas ao HIV e à aids em todo o território priorizando as populações em situação de maior vulnerabilidade.

  15. Além dos postos de testagem, a Sesab montou em Salvador, no Parque de Exposições, no Pelourinho e em Paripe, unidades de atendimento de emergência em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador. Até este sábado (21), foram 322 atendimentos nos três postos, sendo a maior parte casos de cefaleia, náuseas e desmaios. Nenhuma das ocorrências com alta gravidade.

   16. Na zona turística Costa dos Coqueiros, o Camaforró, como foi batizado o São João de Camaçari, oferece mais de 50 apresentações musicais, em quatro dias de festa. No palco principal, Flávio José, Bell Marques, Léo Santana e Solange Almeida, entre outras grandes atrações. Na noite de sábado (21) e madrugada de domingo (22), cerca de 80 mil pessoas acompanharam os shows de Cavaleiros do Forró e Natanzinho Lima.
 
  17. Em outros dois espaços, o Caramanchão e a Vila Maria Bonita, acontecem apresentações de artistas regionais, manifestações culturais, concurso de quadrilhas e atividades para as crianças. A festa tem o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur-BA).
 
  18. No meio da multidão, estão grupos de chineses, conhecendo as tradições juninas da Bahia. Eles são colaboradores da fábrica de automóveis chinesa BYD, que será inaugurada no Polo Industrial de Camaçari, em 1º de julho. Reservados, os asiáticos evitam entrevistas, mas posam sorridentes para fotos.
 
  19. O Camaforró recebe também visitantes de diversos pontos do Brasil. “A recepção que a cidade oferece é fora do comum. Sobre a festa eu não tenho nem palavras pra descrever, de tão maravilhosa. O arraial de Camaçari é fantástico”, elogiou o pernambucano Welliton Nicolau, 32 anos.
 
  20. Além dos festejos juninos na sede do município, eles acontecem também na região da orla, em uma parceria entre a Setur-BA e a Associação dos Comerciantes e Prestadores de Serviços de Arembepe (Ascarb). A iniciativa na famosa praia de Camaçari valoriza a cultura da comunidade.