Política

DORIA CORRE O RISCO DE FICAR SEM O MEL E SEM A CABAÇA, p TASSO FRANCO

O certo é o PSDB apoiar Sérgio Moro e Dória cuidar de sua reeleição
Tasso Franco , Salvador | 09/12/2021 às 19:28
Dória na Bahia com o deputado Adolfo Viana que apoiou Leite
Foto: BJÁ
   Os presidenciáveis João Doria e Sergio Moro se encontraram na última quarta (8) em São Paulo na casa da presidente nacional do Partido Podemos, a deputada Renata Abreu e teriam selado um pacto visando a construção de uma base de "centro liberal" para as eleições do ano que vem. E, ao que se diz nos bastidores, teriam conversado sobre a negociação de uma chapa única, mais adiante, e quem estiver melhor pontuado nas pesquisas será o cabeça da chapa.

O ex-juiz foi o primeiro presidenciável com quem Doria se encontrou após vencer as prévias do PSDB, no dia 27 de novembro. De acordo com o blog de Lauro Jardim, de "O Globo", além da articulação para uma base "centro liberal", outro tópico foi posto à mesa: o pacto de não agressão. Segundo o blogueiro, um prometeu "não atacar o outro".

No sábado (4), quem recebeu Moro foi o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que perdeu as prévias do PSDB para Doria. O governador sulista recebeu o ex-juiz em tom bastante amigável. Além disso, Moro já esteve com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, com bons ventos soprando no apoio ao ex-juiz.

Ou seja, Moro além de ter um discurso mais consistente como pré-candidato a presidência da República - o combate a corrupção - e se posicionar firmemente contra Lula e Bolsonaro está à frente Dória em todas as pesquisas publicadas até agora, com uma diferença bem grande. Enquanto Dória pontua entre 2% a 5%; Moro está na casa dos 13% a 16% considerando a margem de erro. 

Então, duvida-se muito que até final de janeiro quando terão um novo encontro (Dória + Mora) o governador de SP possa ultrapassar o ex-juiz. As propostas de Dória, pelo menos as que apresentou quando esteve em Salvador são de um Brasil pujante, moderno, com investimentos produtivos, à semelhança do que realiza em SP. Acontece que esse discurso de Dória, verdadeiro que seja, precisa chegar ao eleitorado brasileiro que, em diferentes estados da federação, não conhece o que ele realiza em SP. 

E isso é muito dificil de passar para a população que anda discrente de promessas de políticos. Além disso, Dória tem a seu favor o fato de ter iniciado a vacinação no Brasil (o Sr. Vacina), com a Coronavac, mas, este discurso Bolsonaro já tomou em grande parte para ele porque a vacinação do Ministério da Saúde é ampla com mais de 350 milhões de doses distribuidas e há um embaralhamento na cabeça do povo, o que é do governo federal, do estadual e do municipal.

Moro, ao contrário, tem uma proposta que pode até ser única como foi o combate aos marajás de Collor de Mello, mas, é mais palatável ao eleitorado sobretudo a classe média que paga a conta neste país e foi esquecida por Bolsonaro. Esse eleitor que votou em Bolsonaro, agora, está mais disposto a votar em Moro do que em qualquer outro candidato.

Tem, ainda, os 8% a 10% dos votos de Ciro Gomes que vão virar fumaça porque o partido já disse que se ele não decolar vai apoiar Lula. Pedetistas já votaram com Boilsonaro na PEC do Precatórios, portanto, esses votos irão se diluir entre Lula, Bolsonaro e Moro.

O mais sensato - em nossa opinião - é o PSDB fechar com Moro na cabeça e Dória cuidar de sua reeleição em São Paulo para evitar uma vitória de Fernando Haddad, indicando um vice. Dória, pelo visto, se continuar insistindo na presidência pode ficar sem o mel (o Planalto) e a cabaça (o Bandeirantes).