Ainda assim, admitem que se essa terceira via não surgir (a convenção do PSDB acontecerá ainda em novembro próximo para se saber quem será o candidato tucano, se Dória; ou Leite) e for mantida uma polarização entre Lula x Bolsonaro, seguirão com Bolsonaro.
Marina Silva, a qual estava sumida e calada, diante dessa polarização inicial entre Lula x Bolsonaro voltou a conceber que poderá colocar seu nome na disputa, mas, duvida-se muito que tenha algum êxito, uma vez que se mantém com discurso sem novidades para a população brasileira.
Foi também o que se viu de Lula na Bahia repetindo velhos chavões próprios do seu antigo repertório e que só agradam a alguns políticos e aos petistas. A população de uma forma geral não deu a mínima ao que Lula falou em Salvador e ele ainda pisou na bola ao defender, o que já havia falado no Ceará, um controle da midia. Isto é, censurar a imprensa e só admitir citações do amém, agradáveis ao seu ego, caso seja eleito presidente.
É um modelo conhecido no mundo. China, Rússia, Coreia do Norte, Venezuela, Cuba, El Salvador e alguns países da África adotam esse tipo de controle e sabemos exatamente o que ocorre. Agora mesmo, com a pandemia, ninguém tem noção de quantas pessoas morreram na China pela Covid-19, virus originário de uma das suas províncias (Wuhan), porque o governo censor chinês só divulga o que é analisado pelo politburo, o PC chinês. Em Cuba é a mesma coisa. Desde os últimos protestos que aconteceram na ilha, a população com fome e exposta a Covid, o regime fidelista só divulga pelo Gramna o que lhe interessa.
O PT baiano e o PT nacional disseram que Lula saiu satisfeito com sua visita a Salvador - o que é perfeitamente compreensível, pois, não iria falar nada que desagradasse ao chefe - mas, a realidade é que, além de Lula não adicional nada ao seu cabedal político eleitoral, uma das lideranças alinhadas com a base do governo Rui, o senador Angelo Coronel, não apareceu ao lado do ex-presidente no evento da Assembleia Legislativa, nem na sede do Ilê Ayê, nem no Senai/Cimatec. Ou seja, fez de conta que a visita não era com ele e se manteve em Brasília onde teria sido homenageado pelo Exército.
No meio político, o que se diz é que Coronel está mais alinhado com Bolsonaro do que com Lula e a base ruista. Tem, assim, um voo próprio ainda que tenha sido eleito senador graças a aliança do PT e seus aliados na última campanha baiana majoritária, em 2018, ao que se comenta com suportes de Otto Alencar e Jaques Wagner, quando foi decididu rifar o nome da então senadora Lidice da Mata, a candidata natural à reeleição, que protestou (em termos) e saiu candidata a deputada federal, eleita.
O que deseja Angelo Coronel ninguém sabe. Brigar com o senador também não é conveniente, pois, além de ter o filho na Assembleia como deputado estadual possui alguma força político dentro do PSD, de Otto Alencar. Ao que se sabe, nos bastidores da política, Coronel também quer a cabeça da chapa ao governo, em 2022, para Otto Alencar (obedecendo a fila hieráqquica), mas, se Otto não quiser ele topa.
Uma outra questão também relevante na passagem de Lula por Salvador diz respeito ao vice-governador João Leão (PP), o qual se manifestou (e foi ao encontro de Lula) que apoiará o ex-presidente, em 2022, mas isso depende de conversas sobre a sucessão estadual onde deseja ser o candidato a governador.
Vê-se, pois, que a visita de Lula a Salvador foi importante ao PT para dar uma oxigenada na turma, porém, não representou nenhuma mudança no quadro eleitoral do estado. (TF)