Até porque, antecipadamente, antes mesmo da matéria ser analisada pela Advocacia Geral do Senado, Pacheco já tinha antecipado à imprensa que não daria admissibilidade a ação de Bolsonaro, ainda que levasse a matéria (como levou) para parecer da AGS. A decisão da AGS deu-se em tempo de urgência e, ontem, Pacheco colocou um ponto final no assunto.
Segundo a Agência Senado, Pacheco explicou que submeteu a denúncia de Bolsonaro contra Moraes à Advocacia do Senado, que emitiu um parecer técnico considerando a peça sem adequação legal. Além do aspecto jurídico, Pacheco justificou a decisão citando a preservação da independência entre os Poderes, e disse acreditar que ela é uma chance para que as crises institucionais sejam deixadas para trás.
— Há também o lado político de uma oportunidade dada para que possamos restabelecer as boas relações entre os Poderes. Quero crer que esta decisão possa constituir um marco de pacificação e união nacional, que tanto pedimos, e é fundamental para o bem-estar da população e para a possibilidade de progresso e ordem no nosso país.
Hoje, o presidente Bolsonaro reagiu e disse que Pacheco usa dois pesos e duas medidas na Casa. "O presidente do Senado, o senhor Pacheco, ele atendeu e acolheu uma decisão da sua advocacia, advocacia lá do Senado. Agora, quando chegou uma ordem do ministro Barroso para abrir uma ordem da CPI da Covid, ele mandou abrir e ponto final. Ele agiu de maneira diferente de como agiu no passado", disse Bolsonaro, em entrevista à Radio Jornal, de Pernambuco.
Na noite desta quarta-feira (25/8), JB exibiu o trecho de um vídeo de uma live datada de abril nas redes sociais. Na publicação, o presidente afirma saber onde está o "câncer do Brasil" e relata que "sabe o que tem que fazer". Ele destaca ainda que "há como ganhar essa guerra", caso a população esteja munida de informação.
"A gente só ganha a guerra, pessoal, se tiver informações. Se o povo tiver bem informado, tiver consciência do que está acontecendo, a gente ganha essa guerra. Alguns querem que a gente seja imediatista. Eu sei o que tem que fazer. Dentro das quatro linhas da Constituição. Se o povo, cada vez mais, se inteirar, se informar, cutucar seu vizinho, mostrar para ele o futuro do nosso Brasil, a gente ganha essa guerra. Eu sei onde está o câncer do Brasil, nós temos como ganhar essa guerra. Se esse câncer for curado, o corpo volta à normalidade. Estamos entendidos? Se alguém acha que eu tenho que ser mais explícito, lamento", bradou.
Então, pelas informações subsequentes a decisão do presidente do Senado, vê-se que o 'ponto final' dessa assunto ainda não foi dado. O presidente continua contestando as decisões tomadas pelo STF, em especial às relacionadas por Alexandre de Moraes e Luis Barroso, embora tenha decidido que não entrará mais com uma ação contra Barroso, nos mesmos moldes da de Moraes junto ao Senado.
Nos meios político e social esse assunto ainda está efervescente, pelo menos até o dia 7 de Setembro, quando estão agendadas manifestações de rua pró-Bolsonaro no país. Ninguém tem a mínima ideia do que poderá acontecer a partir desta data ou nesta data. O caldeirão segue fervendo. (TF)