Virou um carma. Onde se andava, mesmo que fosse uma passeata para Jesus tinha algum petista com uma plaqueta "Fora FHC".
Depois do governo FHC, já que não conseguiram derrubá-lo com um golpe, cunharam a expressão "Herança Maldita" muito usada no Congresso Nacional e nas Assembleias Legislativas - na Bahia foi uma farra - e na campanha Dilma Rousseff x Aécio Neves os 'tucanos' foram enxovalhados ao extremo. Aécio sofreu o 'pão que o diabo amassou' uma vez que era o representante de FHC e, mesmo que tentasse dizer que era o new PSDB, não adiantou nada.
Eis que, agora, aparecem FHC e Lula dialogando, três horas de conversa na casa de Jobim, articulando para derrubarem Bolsonaro. A isso chamaram de encontro democrático para 'salvar o país' ou coisa parecida, a essa altura, se supõe, FHC completamente esquecido do que aconteceu no seu governo e Lula, em igual maneira, com a sua cara de peroba, fazendo de conta que o "Fora FHC" nunca aconteceu de verdade, era apenas uma peça de natureza política, e há, um mal maior que é Bolsonaro.
Veja, portanto, que ironia. Hoje, a frase "Fora FHC" migrou para "Fora Bolsonaro" dita pelos mesmos petistas e aliados radicais - PSOL, PCdoB, PSB - o que significa dizer, lá adiante, se aparecer um 'monstro' pior do que Bolsonaro, junta-se Lula + Bolsonaro no combate a esse novo 'capeta'. Se está acontecendo com FHC, por empatia, por analogia, esse encontro não será absurdo na tese de que todo político brasileiro é igual.
O encontro entre os ex-presidentes FHC (PSDB) e Lula (PT) nesta sexta-feira, 21, não repercutiu positivamente dentro do PSDB. Em nota, o presidente do diretório estadual do partido, Marco Vinholi, celebrou a capacidade de diálogo da sigla, mas ressaltou que o PSDB busca um caminho contrário ao traçado por Lula. “O encontro de FHC com Lula tem caráter dentro da democracia, onde adversários políticos dialogam. O PSDB trabalha uma alternativa para o Brasil capaz de liderar a retomada tão importante no país, frontalmente contrário aos retrocessos de Lula e Bolsonaro”, disse.
O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, se posicionou fortemente contra qualquer tipo de aliança com o PT e afirmou que a reunião pode ter uma repercussão negativa para o futuro candidato da legenda. “Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados aos nossos eleitores”, explicou.
A questão é que o estrago já foi feito e o sociólogo com sua experiência e sapiência política não percebeu isso ou fez de conta que o eleitor é um jerico, que os tucanos são antas, e pronto: quem gostou gostou; quem não gostou que ponha a boca no trombone.
FHC teve que ir até as redes sociais esclarecer o propósito do encontro. “Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula”, escreveu.
É tarde, muito tarde. Erro político primário se paga nas urnas. É o que vai acontecer com o PSDB, com a possibilidade, ainda, de virar um satélite do PT.