Política

MAIA CHORA, NETO COME BATATAS E É ACUSADO DE TRAIÇÃO QUE NÃO COLA (TF)

A eleição de Artur Lira para a Câmara a os seus efeitos colaterais
Tasso Franco , da redação em Salvador | 03/02/2021 às 12:37
ACM Neto x Rodrigo Maia
Foto: BJÁ
   Ainda rende dissabores a última eleição para a presidência da Câmara dos Deputados vencida pelo deputado Arthur Lira (PP/AL), candidato do presidente Jair Bolsonaro, diante do nome apresentado com o apoio de Rodrigo Maia (DEM/RJ), o Baleia Rossi (MDB/SP).

   Maia está atribuindo a derrota de Rossi a uma possível 'traição' de ACM Neto, presidente do DEM, que teria levado integrantes deste partido a engrossar as fileiras de Lira e mudar o peso equilibrado da balança fazendo com que Lira vencesse. 

   Ora, pela quantidade de votos (302) duvida-se que esta tenha sido a principal causa e os defensores de Neto dizem - respondendo as acusações de Maia - que o presidente do DEM, ao contrário, evitou o quanto pode a enxurrada dos demistas em direção a Lira.

   O certo é que Maia perdeu o 'time' em colocar na pauta no andamento regimental o impeachment de Bolsonaro, teve várias chances de fazê-lo com a opinião pública favorável e parte do Congresso, não o fez apesar dos quase 60 requerimentos de partidos e instituições nacionais, confiou em excesso que isso seria possível com Baleia Rossi, "eleito" com seu poder político, calculou mal, e perdeu. 

   Esqueceu Maia, erro palmar, que o presidente ainda tem a caneta bic em mãos carregada e este estava ferido diante do 1x0 que lhe dera João Dória ao lançar a vacinação do coronavac e, portanto, mudar da água para o vinho (como mudou) abraçando a "velha política" que tanto condenara, em 2018, responsável (em parte) por sua eleição com 53 milhões de votos.

   Erro grasso em política é pouco comum ainda mais se tratando de um presidente da Câmara cercado de mil assesssores, de gente competente ao seu lado, mas o que se viu ainda dentro do DEM, primeiro com o rifamento do fiel escudeiro deputado Elmar Nascimento, baiano preterido em favor de Rossi, certamente em função da bancada paulista, foi Maia errando de ponta-a-ponta e vendo seu candidato definhar na medida em que Bolsonbaro foi assinando emenadas parlamentares bilionárias (jogo que todos os presidentes sempre fizeram). 

   Ora, o ex-prefeito de Salvador que estava envolvido na eleição municipal para fazer seu substituto (como fez), calado estava e calado ficou, esperando as águas de março se aproximarem para só então decidir entrar no pleito com a posição de Lira já, praticamente, assegurada. 

   Neto pode ter dado um empurrãozinho (o que é natural) uma vez que o lider não vai contra seus liderados. Lider que vai pra o embate contra o desejo dos liderados comete suicídio político e Neto não é disso. Se havia (como dizem seus partidários) uma vontade dos liderados de acompanhar Lira o que Neto fez foi consentir e não remar contra a maré. 

   A essa missão de remar contra a maré de não saber dividir o campo das batatas para usar uma figura de retórica machadiana ficou exclusiva de Maia que, sem ter colocado o impeachent na pauta, tornou-se ainda mais enfraquecido. 

   Há se se dizer que o impeachment não prosperou porque Maia sentiu que não teria êxito na Câmara em votos para derrubar Bolsonaro e não contava com o aval de Mourão, como Eduardo Cunha contou com o aval de Temer para derrubar Dilma. 

   É provável que sim. Mas, ainda que perdesse ficaria o emblema (a marca, o símbolo) de ter se alinhado com a sociedade que, em parte, na quase maioria (47% segundo o DetaFolha) queria o impeachement. 

   Resultado: nem dividiu o campo das batatas criado pela ficção de Machado de Assis, nem colocou o impeachment para andar, nem elgeu Rossi. Perdeu nas três frentes e ainda está, hoje, a acusar ACM Neto de traição o que não cola e Neto pouco está se importando com isso. 

   Pelo contrário, se Maia quiser deixar o DEM estará até fazendo um favor a maioria dos demistas que é fisiológica e adora um governo. Aos vencedores, como lembrado Machado de Assis, as batatas. E Neto, Lira e Bolsonaro estão saboreando-as. 

   O que vai acontecer mais adiante nem Fracelino Pereria saberia dizer. O importante é o agora e Maia entra no ostracismo (pode até se livrar dele adiante) equanto Neto segue sua trajetória visando eleger-se governador da Bahia. 

   Por enquanto, nesse movimento inicial, não alterou em nada sua caminhada. E se ficar com o MEC ai as coisas melhoram ainda mais, politicamente.