Pindorama tem que fazer sua parte e não ficar esperando os EUA
Tasso Franco , da redação em Salvador |
21/01/2021 às 12:22
Joe Biden recoloca os EUA no Acordo de Paris
Foto: REP
Leio em alguns veiculos de comunicação do Brasil, em blogs, nas redes sociais e outros que a pose de Joe Biden como novo presidente dos Estados Unidos vai mudar muita coisa no mundo e em especial na América Latina, diferente da gestão Donald Trump, o qual ontem deu adeus a Casa Branco prometendo voltar em 2024.
E que, com Biden o presidente Jair Bolsonaro vai ser enquadrado, vai ter que mudar sua política externa, bem como as ações relacionadas ao meio ambiente e demais. O primeiro sinal seria o retorno dos EUA ao Acordo de Paris que poderá beneficar nossa soja e o etanol.
É provável que mude alguma coisa ali e acolá, mas na essência tudo vai ficar como está ou como antes.
Se o Brasil quiser mudar - a Argentina ou outros países da América Latina - cabe ao governo federal fazer sua parte, que ainda não fez sequer 1/3 das promessas de campanha 2018 e do Paulo Guedes, e não ficar achando que Biden vai ajudar n'alguma coisa, que os Estados Unidos é a tábua da salvação. Isso vale também para os 27 governadores e os mais de 5 mil prefeitos.
Biden vai mandar tropas para evitar queimadas na Amazônia? Duvida-se. Biden vai mandar dinheiro para despoluir o Rio Camurugipe que emporcalha uma praia de Salvador? Não. Biden vai resolver os gargalos da malha ferroviária de exportação brasileira? Nem pensar. Biden vai autorizar o envio de Marines para garantir um possível impeachment de Bolsonaro e ocupar o gramado em frente ao Congresso, em Brasília. Não está em sua agenda.
Os Estados Unidos primeiro olham para si dentro da filosofia de sua política interna e Biden já se movimentou em relação a recuperação da economia norte-americana diante dos impactos da Covid. E na sua política externa manterá as relações de afinidade com a Europa Ocidental dentro do pacto estabelecido após a II Guerra Mundial, manterá as garras do seu imperialismo no círculo do petróleo no Oriente Médio, os laços fraternos com Israel e a América Latina continua sendo a periferia. Portanto, caberá aos gestores do continente sul americano fazerem suas partes.
Os Estados Unidos são regidos políticamente por dois grandes partidos - Democratas e Republicanos - sendo o partido de Biden (Clinton, Obama) mais liberal, mais bem relacionados com os latinos que habitam os EUA e os republicanos de Trump, Reagan e o outros, mais à direita, chamados de nacionalistas puro-sangue.
Mas, quando estão no poder, a prioridade primeira são os Estados Unidos; a segunda, idem; a terceira, idem-idem; a quata vamos analisar nossas alianças intercontinentais.
Mudou alguma coisa no Brasil quando o presidente era Barack Obama? Nada. Obama ensaboou todo mundo, passou por bom moço (que realmente é) mas veio alguma política econômica direta para ajudar o Brasil. Necas de petibiriba.
Cabe ao Brasil tanto com Trump (republicano); quando com Biden (democrata) fazer a sua parte. Cuidar de si com responsabilidade e fazendo as reformas tão necessárias e que nunca saem do papel.
As mordomias do poder público no Brasil são coisas do outro planeta. Biden vai interferir nessa questão? Vai acabar com os marajáss dos diversos poderes? Collor prometeu exterminá-los, mas foi só peça de campanha política. Hoje, 30 anos depois, seguem do mesmo jeito ou pior.
Então, meus caros, minhas distintas, nada mudará no Brasil com Biden. Ou nós fazemos nosso dever de casa ou seguiremos como estamos com a maior desigualdade social do mundo, uns poucos muitos ricos, milhões que não largam as tetas dos serviços públicos, a velha senhora corrupção viva, saudável, e um grande contingente de pobres.