Política

AS RAZÕES QUE PODEM LEVAR MARCELO NILO A ROMPER COM RUI COSTA (TF)

Deputado pede reunião da Executiva para analisar se segue na base política do governador Rui Costa
Tasso Franco , da redação em Salvador | 17/01/2021 às 11:48
Marcelo Nilo, deputado federal pelo PSB
Foto: CD
   Leio na imprensa local que o deputado federal Marcelo Nilo (PSB) solicitou uma reunião da Executiva do seu partido na próxima segunda-feira, 18, para analisar se os socialistas devem seguir na base política do governador Rui Costa ou não. 

   A arguição defendida por Nilo em entrevista que deu ao Bahia Notícias é de que o chefe do Executivo só prestigia os aliados do PSD (leia-se senador Otto Alencar) e do PP (leia-se vice-governador João Leão) e a zanga do parlamentar ex-presidente da Assembleia Legislativa e fiel escudeiro do PT desde as gestões Jaques Wagner dão conta de que o PP, recentemente, peitou Rui ao lançar candidatos à presidência da Casa Legislativa trincando um acordo que fora selado em 2016 e mantido pelo governador, mas, ainda assim, Rui estaria disposto a colocar João Leão, na Casa Civil, e Nelson Leal na Secretaria de Desenvolvimento Econômico SDE).

   Para Nilo - segundo sua entrevista no BN - Leão "peitou Rui de público, bateu, ofendeu" e no fim de contas foi (ou será?) recompensado com duas pastas. Enquanto isso, "aliados leais, parceiros e amigos" estão "chupando dedo" em relação aos espaços ocupados na gestão. 

  E mais disse que "Leão só consegue as coisas batendo, ofendendo... já não basta a CERB atender só o PP, agora terá a Casa Civil. Tá claro que o governador só atende quem critica...Eu que lidei com ele durante 10 anos na presidência da Assembleia sou incompetente. Fui sempre leal, parceiro, amigo, mas não tenho nada. A Embasa, que era minha eu perdi", confessa.

  Na ponga, o lider da oposição, Sandro Régis (DEM) comentou as declarações de Nilo e diz que, ao que parece, Rui só age sob pressão e o Estado está paralisado. 

  Com isso, Régis põe mais lenha na fogueira e mostra que o governador da Bahia se atém muito nas questões sociais - instalação de policlínicas com as prefeituras, entrega de carros de Policia e de ambulâncias, construção de hospitais, apoio a agriculktura familiar - e esquece do desenvolvimento econômico, da educação e da tecnologia. 

  Quando acontece (como está para acontecer) o fechamento de uma indústria como a Ford o governador se mexe e tenta passar para a população que está tentando uma nova montadora. É a política do leite derramado. Ou como diz Régis, "o governador parece que só funciona sob pressão".

  Duvida-se que a Executiva socialista venha fazer um rompimento com Rui. A deputada Lidice da Mata que preside o partido na Bahia não necessita do governo para eleger-se e muito menos seu grupo, mas tem alguns penduricalhos no governo para aliados históricos e seu projeto de ser uma terceira força política na Bahia foi por água abaixo na campanha de 2014 quando se candidatou a governadora. 

  Agora, sequer teve o apoio de Rui para ser candidata a prefeita de Salvador, em 2020, conformou-se com a situação e colocou a deputada Fabíola Mansur como candidata a vice na chapa de Denice Santiago (PT), que o mundo político sabia ser derrotada previamente.

  Marcelo Nilo tem razão ao fazer criticas ao comportamento do governador. Quando deixou a presidência da Assembleia, em 2017, na eleição de Angelo Coronal quando o governador 'lavou as mãos' e deixou- a ver navios, em conversa que tivemos no pátio da Casa, presente o jornalista Paulo Bina, fez os maiores elogios a Rui como "o maior governador que a Bahia já teve", "imbatível", que aprendeu a dialogar, amadureceu e por aí seguiu com mais adjetivações elogiativas. 

  Hoje, passados 3 anos, Nilo parece que caiu na real e vê que o jogo político do PT, e ele ficou dez anos na presidência da Assemblçeia por beneplático de Jaques Wagner que o tinha como um aliado confiável e que fazia bem o jogo do governo, mas isso agora mudou dentro da conveniência política, o que é natural e acontece com todos os partidos e governantes. E o PT, parece ser diferente, mas não é.

  O governador, de todo modo, ainda não anunciou a sua reforma administrativa. Creio que, quaisquer críticas prematuras são precipitadas. 

  As que Nilo fez pelo BN certamente têm dados de bastidores e ainda precisam de uma confirmação oficial. Portanto, vamos aguardar mais um pouco para ver como se processará a reforma que dizem Rui fará, inclusive entronizando Denice Santiago numa secretaria. Aguardemos, pois. 

  Nilo, no entanto, tem suas razões. E, se de fato, Rui só funciona na base da pressão, o negócio é sentar à pua em Rui. 

  Mas, já falei isso aqui e vou repetir: Rui ainda é governador até dezembro de 2022.