Base ruista apresenta sinais de que pode fissurar para eleições 2022 comenta Tasso Franco
Tasso Franco , da redação em Salvador |
19/12/2020 às 18:53
Base ruista não mostra unidade com governador
Foto: PP
Há algo no ar na base política do governador Rui Costa (PT) que não são aviões de carreira. A direção estadual do PP e a bancada de deputados estaduais progressistas, decidiram por unanimidade, apresentar o nome do deputado estadual Niltinho para a eleição a presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. O partido levou em conta a "experiência e ótimo trânsito dentro da Assembleia de Niltinho".
O vice-governador João Leão, a direção do Progressistas na Bahia, o presidente da ALBA, Nelson Leal, as bancadas federal e estadual estão confiantes na eleição de Niltinho como o futuro presidente da ALBA. Ele tem também, de acordo com os Progressistas, um ótimo relacionamento e capacidade de diálogo com todas as forças políticas que compõem o parlamento estadual, diz nota do PP à imprensa.
E mais, completa a nota: - O seu lema principal é cuidar e defender a autonomia do Poder Legislativo, e manter uma relação harmônica com os demais poderes, tendo como foco o desenvolvimento da Bahia.
Ora, ao que se sabe no meio político baiano, houve um acordo entre integrantes da base ruista (PT/PP/PSD/PSB/PCdoB/Podemos/PDT e outros, com aval do governador Rui, para que o presidente da ALBA fosse do PP entre 2019/2020 (Nelson Leal, atual presidente) e 2021/2022 (Adolfo Menezes, do PSD, ligado ao senador Otto Alencar).
Já se falou que Nelson Leal estaria trabalhando sua reeleição - o que Leal, discreto, nunca comentou, porém, seus aliados, sim - e em determinado momento, neste final de ano, o governador disse em entrevista que não é político de descumprir acordo.
Nada mais se falou em relação a Leal e agora, surge, o nome de Niltinho (que o PP também lançou para prefeito de Salvador, inicialmente, na campanha última) como pré-candidato.
Leão sempre foi um político considerado bom articulador, discreto nas suas ações no cumprimento de acordos, é o atual vice-governador e secretário de Estado do Planejamento, fidelissimo a Rui, portanto, estranha-se que o político de Lauro de Freitas, o qual apoiou Moema Gramacho (PT) à reeleição de Lauro e colocou um integrante do seu partido na vice-candidatura de Olivia Santana (PCdoB), a prefeita da capital, esteja com essa ideia de um enfrentamento a Otto Alencar.
É bom lembrar que, em 2016, Otto Alencar (PSD) e Leão (PP) se juntaram para derrubar à reeleição de Marcelo Nilo (PSL) à presidência da Assembleia pela sexta vez consecutiva, sempre com apoio dos governadores Wagner/Rui, quando foram lançadas as candidaturas de Angelo Coronel (PSD) e Luis Augusto (PP).
No inicio de 2017, Marcelo bem articulado e com aparente apoio de Rui estava tranquilo, houve um almoço no Barbacoa, tudo selado, de repente, aconteceu uma virada - diz-se que o governador lavou as mãos - Marcelo ficou a ver navios e no finalzinho de janeiro de 2017 retirou seu nome. Coronel que estava melhor posicionado do que Luis Augusto (PP) foi eleito como candidato único.
Coronel foi presidente entre 2017/2018 e no embalo elegeu-se senador da República. Luis Augusto perdeu a eleição - reeleição para deputado, em 2018 - e deixou a casa e teria acontecido o acordo nesse momento, fev de 2019, quando Nelson Leal assumiu a presidência da Casa sendo o próximo Adolfo Menezes (PSD). E Marcelo Nilo foi para o PSB e elegeu-se deputado federal.
Leal faz uma excelente gestão. Bem diferente da de Angelo Coronel o qual deixou deficit financeiro enorme na Casa. Leal nunca disse nada que pudesse melindrar Coronel e tocou o barco sepultando discretamente a Assembleia de Carinho, braço político para a esposa de Coronel, que acabou sendo candidata a vice-prefeita na chapa de sgt e pastor Isidório a prefeito de Salvador (2020) e reorgnizando a Casa.
A partir dessa boa gestão Leal tem sido lembrando para continuar mais dois anos. Depois, surgiram nomes de Vitor Bonfim e Robinho, ambos pelo PP. E, agora, Niltinho. E até um candidato evangélico, Samuel Jr, que integra a bancada da oposição, mas sempre votou com o governo.
Ora, o governador Rui Costa ainda é governador. Seu mandato vai até 2022 e poderá ir até o final ou candidatar-se a senador. Portanto, tem peso político, faz boa gestão em alguns segmentos, está bem avaliado e não morto politicamente.
Uma candidatura do PP para enfrentamento com o candidato de Otto que já foi acordado é, também, pelo menos em tese, um enfrentamento ao governador o qual, já disse que manterá o acordo.
Essa jogada política de Leão tem um grande significado se olharmos para 2022, eleições para governador, o PT se articulando para lançar Jaques Wagner e o DEM, ACM Neto.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: para onde irá Leão? Segue na base ruista com Otto, bem solificada, ou migra para outro caminho. A candidatura de Niltinho deixa essa questão no ar.