O que mais vale é a densidade eleitoral e não quantidade de prefeitos
Tasso Franco , da redação em Salvador |
17/11/2020 às 10:27
Densidade eleitoral
Foto:
Os partidos aliados da base do governador Rui Costa (PSD, PP e PT) emitiram notas à imprensa, ontem, destacando que conseguiram fazer 232 prefeitos nas eleições municipais. E, portanto, em tese, estão fortalecidos para o pleito de 2022 que escolherá os novos deputdos - estaduais e federais - senador e governador. O PSB e o PCdoB também aliados do governo ainda não abordaram o tema.
Sem dúvida, trata-se de um grande feito, pois se somados aos prefeitos eleitos pelo PSB e do PCdoB teria-se, assim, a maioria dos 471 existentes no estado. A conta, no entanto, a ser contabilizada (ainda tem eleições em dois municípios com grande densidade de votos em Feira e Conquista, no segundo turno) é sobre a densidade eleitoral (a quantidade de eleitores) que cada partido vai governar e, nesta conta, a oposição ao governador Rui Costa leva a melhor.
Senão vejamos (vide gráfico na matéria): O Democratas ficou com 30.4%; PSDB 4.75%; PL 3.25; MDB 2.91%; PDT 2.13%; Republicanos 1.54% (essa é a base da oposição) que somam 43.98%; Já a base de Rui está com os seguintes percentuais: PSD - 17.24%; PP - 13.38%; PT - 5.41%; PSB - 4.13%; PCdoB -2.43% com total 42,59%.
Vale observar ainda o seguinte: alguns prefeitos que foram eleitos pelo PP e pelo PSD durante a campanha estiveram com ACM Neto. Ou seja, contabiliza-se com esses partido, mas a realidade é outra. Posso citar o caso do prefeito de Serrinha, reeleito, Adriano Lima (PP) que fez carreta com a presença de Neto contra a candidatura do petista Osni Cardoso, o derrotado. Então, esse um fator a ser analisado com cautela.
Dito isto, ainda é cedo, muito cedo para se falar em 2022, mas uma eleição puxa outra. Diria, hoje, que ACM Neto, provável candidato da oposição ao nome do PT já dispõe de um lastro em votos significativo para poder concorrer com bastante competitividade.
Ademais, nos parece, Neto é consensual na base da oposição, enquanto no PT, como sempre acontece, há uma disputa interna enorme e ainda tem o PSD de Otto Alencar e Angelo Coronel nos seus calcanhares.
Significa dizer o seguinte: seria a vez de Otto?
Seus aliados na Assembleia Legislativa desconversam. Mas, os aliados de Coronel dizem que se Otto não quiser ele quer. Além disso, PSB e PCdoB não sairam simpáticos a Rui nesta camanha municipal. Há criticas veladas e públicas ao comportamento do governador.
Um outro ponto a considerar é que o ex-presidente Lula da Silva estaria de malas e cuias para morar em Busca Vida num condomínio de luxo em Camaçari, no Litoral Norte da Bahia.
O que pretende Lula?
Ainda é uma incógnita. Sendo um ser político por natureza não ficará apenas desfrutando as belezas naturais da região. Certamente vai se integrar na campanha de 2022 como fez, recentemente, no apoio a Denice Santiago, a candidata do PT derrotada por Bruno Reis.
Ora, o PT da Bahia, com Rui está incólume. Pode se falar qualquer coisa do seu governo, menos de corrupção. No momento que agregar Lula, carimbou. Veja que, com Denice, o apoio de Lula não acrescentou nada.
Vou contrar um fato para vocês: participei do marketing político em duas campanhas de Antonio Imbassahy, candidato a prefeito de Salvador, em 1996 e 2000, ambas contra Nelson Pelegrino, PT.
Lula, nessa época (ainda não era presidente e só foi eleito em 2002) fazia uma diferença enormne.
Pelegrino estava empacado com 7% na campanha de 1996 e Lula veio fazer um comício na praça Castro Alves e após o evento para ajudar Pelegrino este pulou para 17.5% e chegou a quase 40% no final da campanha por pouco não levando o pleito para o segundo turno.
Esse fenômeno deu-se duas vezes. Na segunda campanha, Imbassahy era prefeito, bem avaliado, e quase também a eleição iria para o segundo turno graças ao efeito Lula.
E agora, em 2020, o que aconteceu com o apoio de Lula a Denice? Nada, zero.
Pode ter até prejudicado, pois quem já votava em Denice continuou votando e quem tem raiva de Lula ai foi que não votou mesmo na candidata petista.
Pronto: são esses os comentários iniciais da jornada de 2022 na Bahia. Quem tem muitos prefeitos (é bom) mas o importante é observar a densidade eleitoral de cada município. (TF)