Política

BOLSONARO ASSINA PARCERIA COM EXÉRCITO PARA CONSTRUIR TRECHO DA FIOL

Com informações do MI e de blogs da Região Oeste do Estado
Tasso Franco , da redação em Salvador | 11/09/2020 às 15:11
Bolsonaro é recebido por apoiadores no Aeroporto de Barreiras
Foto: TV Oeste/ Carlos Augusto
    O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã desta sexta-feira (11) de uma solenidade em que entregou ao Exército Brasileiro a responsabilidade pela obra de um trecho de cerca de 20 Km da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Bolsonaro chegou a São Desidério, no Oeste, por volta das 9h30.

   "Nós optamos, antes de investir em ferrovias, terminar as obras já começadas. Isso demonstra que nós temos zelo pelo recurso público e que realmente nós estamos investindo em algo bom para o país", disse Bolsonaro.

    Bolsonaro foi recebido por apoiadores que se aglomeraram na chegada ao local, muitos deles sem máscara. Na solenidade, Bolsonaro assinou o Termo de Execução de Serviço (Ted). Em seguida, Bolsonaro retornou para Brasília, por volta das 11h30.

  Os militares devem assumir um trabalho experimental no trecho II da ferrovia, numa área limitada ao município de Santa Maria da Vitória. O pedaço é considerado o mais atrasado, já que o consórcio que faz parte do lote pediu reparação judicial. O Exército fará a obra praticamente do zero, iniciando desde a terraplanagem, e a previsão é de que a execução da construção dure dois anos, com um investimento inicial de R$ 110 milhões. 

   Procurado, o Governo do Estado da Bahia disse que não recebeu comunicado oficial da visita do presidente Bolsonaro e preferiu não emitir posicionamento sobre a agenda. Com a parceria, o Exército voltará a fazer parte da construção de uma grande ferrovia no Brasil após 25 anos. A última participação ocorreu na construção da Ferroeste, entre os anos de 1993 a 1995. 

   Grande interessada no avanço da construção da ferrovia, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) comemorou o anúncio. Presidente da entidade, Antônio Carlos Tramm diz que as tratativas em relação à inclusão do Batalhão Ferroviário vem sendo feitas há pelo menos dois meses. 

   “É uma providência interessante. O Exército tem experiência na feitura de rodovias e o Batalhão Ferroviário estava há muito tempo sem uso porque o país deixou de investir nesse modal. O governo vai fazer uma experiência nesse trecho e será uma referência para o futuro, vai servir de estímulo. É um sinal de que o governo está interessado em desenvolver a Fiol. Essa é a ‘Estrada da Esperança’ para muitos setores, é o maior projeto de desenvolvimento em curso hoje na Bahia”, disse. 

   Ainda conforme Tramm, a CBPM está desenvolvendo um programa de pesquisa no trecho II da Fiol, contemplando 100 Km de Leste a Oeste dos trilhos para encontrar outras jazidas de minérios. Estima-se, atualmente, que a ferrovia possa levar em torno de 60 milhões de toneladas de carga ao ano, de minérios e produção agrícola, mas essa quantidade pode aumentar com mais descobertas. 

  Vice-presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, Moisés Schmidt relembra que a obra deveria ter sido entregue em 2014, mas sofreu diversos entraves por falta de verbas. A chegada do Exército para adiantar a construção também foi bem vista pelo agronegócio do Oeste, que produz principalmente milho, soja e algodão. 

O status atual da Fiol na Bahia

A obra completa da Fiol terá aproximadamente 1.527 km e ligará o futuro Porto Sul, em Ilhéus, à cidade de Figueirópolis, no Tocantins, com um investimento previsto de R$ 8,9 bilhões. Quando estiver concluída, a ferrovia atravessará, ao todo, 32 municípios baianos. 

O trecho I da ferrovia, que vai de Ilhéus a Caetité, tem pouco mais de 530 km, sendo que quase 80% das obras já foram concluídas. A ideia do governo federal é conceder o trecho para a iniciativa privada. No entanto, a liberação do processo de licitação está travada nas mãos do Tribunal de Contas da União (TCU), que não comenta a análise em andamento.

As obras de construção da FIOL começaram em 2011, em uma parceria entre os governos federal e da Bahia. No entanto, por falta de verbas, foi paralisada entre 2015 e 2017. A previsão era de que a FIOL tivesse construção concluída em 2014, mas ela segue sem previsão de finalização.

Quando concluída, a FIOL deve reduzir os custos de transporte de grãos, álcool e minérios destinados ao mercado externo.

Depois do discurso, o presidente voltou a falar e tirar fotos com apoiadores, em meio à aglomeração. Ele saiu de São Desidério por volta das 10h30, sem falar com a imprensa. Bolsonaro voltou de helicóptero para Barreiras, de onde pegou avião para voltar à Brasília.