População da Bahia exige explicações sobre milhões perdidos com compra de respiradores, afirma deputado Hilton Coelho
Tasso Franco , da redação em Salvador |
12/06/2020 às 18:44
Deputado Hilton Coelho
Foto: BJÁ
O deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) reivindica que o governador Rui Costa detalhe cada fato referente aos cerca de R$ 49 milhões referentes à compra de respiradores junto à empresa HempCare, feita pelo Consórcio Nordeste. “Segundo dados divulgados pela imprensa, a aquisição dos equipamentos foi paga a vista e não entregue. Queremos saber quem são os responsáveis e a punição exemplar de pessoas que diante de tantas mortes e desespero geradas pela pandemia conseguem praticar um crime contra a saúde e os recursos públicos. A vida deve estar em primeiro lugar. Não queremos a paralisação das ações de combate à Covid-19, mas não podemos nos calar diante de um ataque aos direitos da população”, afirma o legislador.
No dia 4 de junho o então secretário da Casa Civil Bruno Dauster pede exoneração. Ele é um dos citados nas operações policiais. O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para investigar eventuais atos de improbidade administrativa no contrato firmado pelo Consórcio Nordeste com a empresa HempCare e demais contratos. O consórcio é presidido pelo governador Rui Costa. “Que os órgãos de fiscalização funcionem de forma rigorosa. Que a Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) fiscalize tudo. Que governador demonstre e atue com total transparência diante do fato para que não paire quaisquer dúvidas”, acrescenta o parlamentar.
“Exigimos que tudo seja apurado e que vidas sejam salvas. Roubar recursos públicos diante de uma crise sanitária é algo inaceitável. É imprescindível e urgente que as ações e recursos governamentais sejam voltados para reduzir o ritmo de crescimento do número de novos casos, para em consequência reduzir o número de mortes, pois a manutenção dos índices atuais projeta um cenário que é pior a cada dia e só vai piorar se o processo de reabertura, já aventado inclusive pelo governador Rui Costa e pelo prefeito ACM Neto tiver continuidade na situação atual. A ação de isolamento individual, associadas à garantia de efetivas condições de sobrevivência à população, em especial a mais carente, é algo fundamental. Fundamental que não se roube e não se deixe roubas. Basta de impunidade. Exigimos transparência”, conclui Hilton Coelho.
COMENTÁRIO DO BJÁ
O caso está na Justiça. O governador Rui Costa já emitiu nota à imprensa e deu uma entrevista da TV Bahia dizendo que quer o dinheiro de volta. O empresario também deu entrevista dizendo que não vai devolver o dinheiro e sim entregar os respitadores.
CONFIRA ENTREVISTA DE RUI
“Para mim, independe quantas investigações serão realizadas e quem irá participar. O que nós queremos é a devolução imediata do recurso público e identificação dos envolvidos”. A declaração sobre as investigações em torno da compra de respiradores junto à empresa HempCare, denunciada pelo Consórcio Nordeste, foi dada pelo governador Rui Costa durante entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Bahia, na tarde desta quarta-feira (10). Foram investidos R$ 48 milhões para a aquisição dos equipamentos e o valor pago à vista, entretanto, os equipamentos não foram entregues. Uma operação da Polícia Civil baiana culminou na prisão de três empresários no dia 1º de junho.
Rui Costa ainda criticou a politização realizada neste momento que deveria ter como foco o combate à disseminação da Covid-19. “Neste momento se criou uma disputa política e uma confusão jurídica. Há muita contaminação política e, infelizmente, a preservação da vida humana acaba ficando em segundo plano. A prioridade está na disputa política, que muitas vezes é levada para o campo dos procedimentos legais. Queremos o mais rápido possível a identificação dos culpados e devolução do dinheiro, pois estamos precisando desse recurso para continuar salvando vidas humanas”.
O governador ainda revelou que os empresários presos durante as investigações se mostraram dispostos a devolver parte do recurso, mas a ação fica inviabilizada diante da suspensão das investigações pela justiça. “Não é possível paralisar uma operação em curso e não há nenhum prejuízo que no âmbito federal também se replicasse a operação. Eu não consigo entender a lógica da paralisação já que eventuais criminosos estavam sendo alcançados pelo estado e pela a justiça. Há um pano de fundo no país de criminalizar a ação de prefeitos e governadores, mesmo quando estes denunciam que foram vítima