Política

Marta Rodrigues critica a não escolha da escritora Conceição Evaristo

Vereadora acredita que a Academia deixou de ouvir um clamor popular
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 31/08/2018 às 20:44
Marta: protesto contra decisão da ABL
Foto: Ascom CMS

Nem todo mundo ficou satisfeito com a escolha do cineasta Cacá Diegues para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Para a vereadora e líder da oposição na Câmara de Salvador, Marta Rodrigues (PT), ao não escolher a escritora Conceição Evaristo a instituição “perdeu a chance de fazer história ao não suprir a ausência da representatividade de nosso povo em suas cadeiras”.

Em sua opinião, a falta de escuta da Academia ao clamor popular pela eleição da escritora mineira é mais um traço das dinâmicas racistas da sociedade brasileira. Autora de seis livros publicados ao longo da carreira e vencedora do Jabuti, o mais tradicional prêmio da literatura brasileira, Conceição nasceu numa favela em Belo Hoizonte, foi empregada doméstica e se formou em Letras, tornando-se mestra e doutora, uma intelectual negra reconhecida nacional e internacionalmente.

A legisladora lembrou que o negro Lima Barreto também foi preterido pela ABL: “É a primeira vez que a ABL tem uma disputa legitimada pelos movimentos negros e feministas. Conceição Evaristo representa nas letras, a escrevivência, um método linguístico e narrativo da sua autoria, que incorpora as histórias e vivências da maior parte da população, por isso ter sido tão popular o pleito pela sétima cadeira”.

Marta afirma, ainda, que a formação da ABL, majoritariamente branca e masculina, pode ser vista em quase todas as instituições brasileiras: “Não temos uma sociedade com instituições que nos representem como mulheres negras, homens negros, que formamos a maioria desse país. A ABL assim como todas as instituições, um dia vai ter que sanar essa dívida com o nosso povo”.