A Câmara de Salvador recebeu, na tarde dessa quinta-feira, 7, uma comitiva formada por reis territoriais iorubanos do Sudoeste da Nigéria. O grupo, que saudou na abertura da solenidade os donos da terra e os orixás, representou o rei de Ilê-Ifé, Adeyeye Enitan Babatunde Ogunwusi Ojaja II, descendente direto de Odùdúwà, que só chegaria à capital baiana à noite.
A visita foi motivada pela aprovação na CMS do projeto de lei que criou laço de irmandade entre Salvador e Ilê-Ifé. Durante o evento, realizado no Salão Nobre, os vereadores da Comissão de Reparação entregaram uma cópia do PL com as propostas de intenções à comitiva.
Os reis nigerianos foram recepcionados por Marta Rodrigues (PT) e Aladilce Souza (PCdoB), Kiki Bispo (PTB), Sílvio Humberto (PSB) e Moisés Rocha (PT). Representando o presidente Leo Prates (DEM), Kiki, na condição de 2º vice-presidente, deu as boas-vindas: “Estamos muito honrados em receber vossas majestades. Esta é uma tarde histórica para esta Casa, um marco cultural para Salvador, que tem relação tão estreita com a África”.
O grupo era composto pelos reis Ajero de Ajero, Timi De Ede, Oba Ader Ibsbe Asunmo Alayandolu of Ayandelu, Obadiro de Ilê-Ifé State Ifarotini Ifaloba, Obalesin Obatala Ododada, Oba Alarah de Arandun-Kward e Asiwaju Awu Abbate Chief Ifasbenusola Atanda. Todos foram presenteados com livros do Selo Castro Alves.
“Reaquilombamento”
“O que nós esperamos com a vinda de vocês aqui é que possamos, de fato, tirar do papel e ter ações concretas na área cultural, na área religiosa, na área de empreendimentos, dos negócios e que a cidade de Salvador ganhe o mundo”, disse Sílvio, classificando a parceria como “um reaquilombamento”.
Emocionado, o edil classificou a visita como um reencontro com a ancestralidade soteropolitana. Na oportunidade, lembrou dos antepassados, aprisionados nos porões da própria CMS: “Imagino o que nossos ancestrais estariam pensando neste momento. Nos vendo não na parte de baixo, mas no primeiro andar da Casa”. A declaração chamou a atenção do rei Ajero de Ajero, que revelou ter ficado “impressionado com a simbologia de estar no andar de cima, como donos, e não mais como escravos”.
Aladilce e Marta também destacaram o momento histórico, mas ressaltaram a importância de criar meios para propagar a igualdade de gêneros entre os povos. Os discursos dos visitantes foram feitos em iorubá, com auxílio de um intérprete. Entretanto, a diferença linguística não foi vista como adversidade para Sílvio: “Não entendemos a palavra, mas o coração fala”.
“Nossos laços são religiosos e são de sangue, por isso somos irmãos”, definiu Moisés Rocha, presidente da Comissão de Reparação.