Política

Com o projeto do BRT, ACM Neto faz de Salvador o seu playground

Para Aladilce, Neto age de forma autoritária e não ouve a sociedade
Aladilce Souza , da redação em Salvador | 09/05/2018 às 16:57
Aladilce: críticas ao BRT
Foto: LB

Não é novidade que o nosso país sempre foi dominado politicamente por oligarquias e famílias da elite que vão se perpetuando no poder. Também já é de conhecimento da população a diferença entre um político que não sabe distinguir uma enxada de uma pá, e de uma liderança que vem de baixo, conhece as necessidades do povo e que pelas dificuldades da vida começa a pegar no batente muito cedo.

As trajetórias de vida de cada pessoa não necessariamente determinam seus projetos políticos, mas quanto mais o gestor desconhece a realidade, mais ele tem que ouvir as pessoas com mais vivência. Ou seja, alguém que nunca andou de ônibus é capaz de elaborar um bom plano de mobilidade, mas para isso precisa escutar os diversos segmentos envolvidos.

Infelizmente, falta ao prefeito ACM Neto essa escuta. É até compreensível que alguém cuja família se construiu politicamente e economicamente com a Ditadura desconheça alguns valores primordiais da democracia. Mas não é aceitável, em pleno século XXI, que um gestor público passe por cima das instruções técnicas de diversas entidades e do desejo da população para criar projetos ao seu bel prazer, que atendam às suas vaidades e interesses de seus amigos empresários e correligionários.

O caso do BRT é o mais recente. Segundo dados do Ministério das Cidades, o projeto irá custar R$ 820 milhões – o mais caro do país. Como se não bastasse, o trajeto prometido é o da Lapa até o Iguatemi, trecho já contemplado pelo metrô, resultando, portanto, em poucos benefícios os usuários de transporte.

Mas o pior crime será o ambiental. Segundo o Estudo de Impacto da própria prefeitura, serão 579 árvores cortadas. Também haverá o tamponamento dos rios Lucaia e Camarajipe, seguindo na contramão do que já vem feito em muitos países que é a requalificação dos rios e ampliação das áreas verdes no perímetro urbano.

O principal resultado do desmatamento é o aumento da poluição e das zonas de calor na cidade, além de interferir no ecossistema e retirar a beleza da região. Enquanto isso, o prefeito vem usado seu jornal e sua televisão para convencer a população de que será uma medida generosa plantar mudinhas para compensar as árvores frondosas e centenárias que serão destruídas.

Diante desse projeto absurdo, a população vem se mobilizando e protestando. Mas pelo histórico de ACM Neto, é provável que ele passe por cima dos conselhos, das entidades e da população para dar continuidade ao seu plano de impor o BRT. Aliás, sua motosserra já está ligada, iniciando a destruição das árvores, numa arrogância típica de gestores que pouco se importam com as reivindicações daqueles que protestam. Ao contrário, tem reagido com provocações e buscando desqualificar os manifestantes.

Sem ouvir ninguém e agindo como um imperador, ACM Neto vem esbanjando recursos públicos e mexendo na cidade como se estivesse brincando no parque de diversão. Foi assim, que ele gastou R$ 62 milhões nas obras da Barra, gerando prejuízos aos comerciantes do bairro; 941 mil na obra de mal gosto feita no Cristo e que virou motivo de chacota; R$ 4 milhões para matar o Mercado do Peixe do Rio Vermelho, transformando em um espaço gourmet pouco frequentado.

Tudo isso feito de forma autoritária, sem escutar ninguém, apenas os seus amigos empresários e empreiteiros. ACM Neto precisa entender que Salvador não é o seu playground. Se ele não sabe a diferença de uma enxada para uma pá, que pergunte aos trabalhadores. Se nunca andou de ônibus ou governa até hoje sem um Plano de Mobilidade Urbana, que escute quem anda e quem entende do assunto sobre transporte público.

Aladilce Souza – vereadora de Salvador pelo PCdoB