Política

Implantação do BRT continua gerando muita polêmica na Câmara de SSA

Para governistas, movimento contrário ao projeto é elitista e inconsistente
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 08/05/2018 às 23:39
As obras do BRT já começaram
Foto: Internet

O projeto do BRT, em implantação na Av. Antonio Carlos Magalhães, foi novamente motivo de debates acalorados na Câmara de Salvador, na tarde desta terça-feira, 8. Enquanto os oposicionistas criticam o que classificam de alto custo (R$ 820 milhões) e agressões ambientais, pela retirada de 579 árvores e tamponamento de rios, os governistas minimizam os protestos realizados até agora na cidade, acusando os manifestantes de serem elitistas e ligados politicamente ao Governo do Estado.

O movimento contrário à obra ganhou adesões de peso, com o cantor Caetano Veloso, o ator Érico Brás e o marido de Ivete Sangalo, Daniel Cady, condenando a intervenção. Em resposta, o prefeito mandou os críticos conversarem “com quem anda de ônibus”, que, segundo ele, aprovam o projeto. Novos atos públicos estão anunciados para os próximos dias, na região das obras, em frente à sede do Ministério Público, do Inema e da Prefeitura.

Para Aladilce (PCdoB), a fala de ACM Neto (DEM) revela sua arrogância e despreparo para lidar com as críticas: “Um prefeito criado em berço de ouro, que nunca andou de ônibus, que não sabe nem a diferença entre uma pá e uma enxada, acha que pode dar lição de moral em quem? Ele faz de Salvador o seu playground, mexe na estrutura da cidade sem consultar ninguém, ouvindo apenas seus amigos megaempresários e quando a sociedade reage ele busca desqualificar seus críticos de forma arrogante e prepotente”.

Autoritarismo

Na opinião da líder da oposição, Marta Rodrigues (PT), o prefeito assume o próprio autoritarismo e falta de diálogo ao se recusar ouvir as enormes manifestações públicas da população. Segundo ela, a resposta da prefeitura ao clamor de diversos setores da sociedade civil, mostra enorme arrogância. Além disso, acrescenta, o contrato do BRT já é investigado pelo Tribunal de Contas da União.

“Ele age de maneira autoritária, mais uma vez, ao desprezar diversas manifestações. A sociedade soteropolitana, depois de muito tempo, se mobilizou em torno de algo que ela não quer e as vozes contrárias estão em todas as classes sociais da população e setores da sociedade civil, entre especialistas e urbanistas. É inacreditável que o prefeito tape os ouvidos para o que deseja o povo que também o elegeu”, declarou.

Críticas frágeis

Quem saiu em defesa do gestor e da obra foram os governistas Henrique Carballal (PV, líder da bancada), Tiago Correia (PSDB), Téo Senna (PHS), Ricardo Almeida (PSC) e Kiki Bispo (PTB). Para Carballal, as críticas são frágeis, inconsistentes e trazem uma série de informações falsas para tentar desqualificar a iniciativa do Município. A seu ver, trata-se um movimento político, que tem por trás a Camargo Correia, controladora da CCR Metrô, interessada em ampliar o modal na capital baiana.

Téo voltou a se referir à derrubada de “mais de cinco mil árvores” e à destruição de um jardim, projetado pelo paisagista Burle Marx na Av. Paralela, para a construção da linha dois do metrô, sem que isso despertasse qualquer protesto por parte dos ambientalistas que hoje criticam o BRT.

O tucano Tiago garantiu que o número de árvores a serem retiradas não chega a 180, com muitas delas sendo transplantadas para outros locais. Além disso, a prefeitura se comprometeu a plantar milhares de mudas para melhorar a cobertura vegetal da cidade. Para os situacionistas, as condenações partem de quem não usa ônibus e não deseja o bem da população mais pobre.