História de resistência. É dessa forma que Flávio Gonçalves, diretor-geral do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), define a trajetória dos primeiros 40 anos da Rádio Educadora FM. O meio de comunicação que formou e informou inúmeros artistas, jornalistas, produtores culturais, compositores e a população baiana foi homenageado pelo deputado Marcelino Galo (PT), em sessão especial na Assembleia Legislativa da Bahia. 

“A rádio Educadora FM canta nossa aldeia, o nosso sentimento de ser baiano. A sociedade produz cultura e a Educadora fortalece e resgata a nossa identidade. Rádio é universal”, disse Galo. O deputado destacou que, em 40 anos de história da emissora pública, esta é a primeira sessão homenageando os profissionais que colocaram e continuam colocando a rádio diariamente no ar.

Para Galo, a emissora é um patrimônio do povo baiano e que é fundamental comemorar os exemplos de sucesso e resistência. E elencou as conquistas da emissora como Centro de Documentação, a transmissão de campeonatos de futebol e de shows, a cobertura do Carnaval.

DIVERSIDADE

Para celebrar o momento, artistas como Claudia Cunha, Alexandre Leão, o maestro Ricardo Castro, Olodum, Lazzo Matumbi, DJ Branco, Ilê Aiyê, o guitarrista Eric Assmar e vocalistas da Timbalada falaram da importância da rádio em promover a diversidade musical e dar voz a diversos artistas que não têm condições de cantar nas rádios comerciais. 

Para Flávio Gonçalves, isto só é possível porque a rádio Educadora FM é pública e enxerga os ouvintes como cidadãos e não como consumidores. “Não adianta investir recurso público e ouvir a mesma coisa da rádio privada”, disse. “Os espaços públicos são garantidores da democracia”.

O ex-governador Jaques Wagner reafirmou que por ser uma rádio pública, não é do governo. “Não é porta-voz”. Para ele, a rádio deve abrir espaço para fervilhar a produção cultural. Já o compositor Manno Góes garantiu que a Educadora FM dignifica a concessão pública e a arte.

HOMENAGEM

Com o slogan “Se é bom, a gente toca”, a emissora pública conhecida como a casa dos artistas da Bahia é responsável por revelar nomes atuais da música brasileira. Durante a sessão, trajetórias de artistas foram destacados, assim como de funcionários. 

Milton Santarém, técnico em eletrônica, que esteve à frente da montagem de equipamentos de transmissão que colocou a rádio pública, inaugurada em março de 1978, foi homenageado durante a sessão. Assim como Perfilino Neto, ex-diretor da Rádio, que comanda os programas “Memórias da Rádio” e “Encontro com Chorinho”.

A atual coordenadora da Rádio, Daniela Souza, destacou que a Educadora é casa dos sons e um instrumento de “educação e cultura poderosas”. Emocionada, ela apresentou os homenageados da emissora pública. “Pessoas que fazem parte da história e da luta para a permanência da rádio no ar”.

A professora Aristocléa Macedo, fundadora da Educadora FM, representada pela filha; Washington Barbosa, técnico da emissora; Ana Maia, funcionária; o idealizador do Festival de Música Educadora FM, Humberto Sampaio; a idealizadora do programa Multicultura, a jornalista Márcia Moreira; o historiador Cid Teixeira; Caetano Veloso, como o compositor que mais teve suas músicas tocadas na rádio, representado pelo seu sobrinho Jota Veloso; o finado guitarrista Alvaro Assmar, representado por familiares; as Ganhadeiras de Itapuã; o professor Nelson Pretto; o cantor, músico e compositor Carlinhos Brown; e o professor Jaime Sodré.