A semana começou na Câmara de Salvador com uma polêmica sobre a implantação do BRT, projeto da Prefeitura Municipal. Os debate começaram na sessão desta segunda-feira, 23, quando o vereador Téo Senna (PHS) defendeu a iniciativa e questionou as manifestações promovidas por opositores da obra.
Segundo ele, “0 BRT tem causado uma mobilização tão grande, que fico me perguntando quem está por trás desse lobby. Onde estavam as entidades que hoje se manifestam contra as obras do BRT quando foi feito o metrô da Paralela? Pois derrubaram cinco mil árvores, soterraram diversas lagoas, fecharam a cidade rica da orla e a cidade carente de Cajazeiras e ninguém falou nada”.
Ele citou reportagem do jornal A Tarde, publicada nesse fim de semana, assinada por um jornalista de São Paulo, sem ouvir o Município e apontando supostas falhas no projeto e um custo classificado de alto. O governista assegurou que o orçamento inclui, não apenas as pistas dos ônibus, mas a construção de elevados, serviços de drenagem, transposição de árvores e outros itens.
Conspiração
O líder do prefeito na CMS, Henrique Carballal (PV), por sua vez, disse estranhar os discursos “vazios e frágeis” por parte da oposição, e levantou suspeitas sobre uma possível “conspiração” de alguns setores empresariais e políticos da cidade. “Como é que alguém tem coragem de dizer que é um sistema ultrapassado? Londres está inaugurando o seu BRT, todas as grandes cidades chinesas também possuem. A cidade brasileira que tem o transporte mais eficiente, Curitiba, não possui metrô, é baseado no BRT e é um exemplo para o mundo”, argumentou.
A respeito do Metrô, o verde declarou que o sistema é deficitário financeiramente e que para torna-lo viável o Governo do Estado ofereceu como garantia à Construtora Camargo Correia, controladora da CCR Metrô, os terrenos do Parque de Exposições, da estação rodoviária e do Detran.
Ricardo Almeida (PSC) reforçou o discurso dos colegas sobre os danos ambientais cometidos na Av. Paralela para a implantação do Metrô e afirmou que, ao contrário do que afirmam os oposicionistas, o BRT vai atender a população não abrangida pelo modal sobre trilhos.
Arbitrariedade
Pela oposição, se pronunciaram Marta Rodrigues (PT), Aladilce Souza (PCdoB), Hilton Coelho (PSol), e Silvio Humberto (PSB). Segundo a petista, os impactos ambientais precisam ser levados em consideração: “Temos que discutir o projeto com a cidade. Eu, Aladilce e Hilton estávamos em uma manifestação ontem (22), porque o que está acontecendo na cidade em relação ao BRT é uma arbitrariedade. Estão querendo tirar árvores de uma forma absurda”.
A comunista reforça a queixa de ausência de debate: “Lá atrás, aprovamos um empréstimo para a chegada de recursos de mobilidade urbana. Não podemos ser contra isso. O problema é que não aceitamos um projeto ultrapassado, que a cidade não quer. A gente precisa que as pessoas se pronunciem e decidam sobre os rumos da cidade. O prefeito não é dono de Salvador”.
Ao final do dia, Marta enviou release à imprensa denunciando que a prefeitura ainda não tem a outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos pelo Inema para o tamponamento dos rios Camarajipe e Lucaia para as intervenções, tampouco o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
Segundo ela, a informação foi confirmada em ofício enviado pela Secretaria de Mobilidade Urbana em resposta aos questionamentos da vereadora petista. “Como é que se pode contratualizar uma obra, pagar a construtora para tamponar os rios, se não tem autorização para tal? A outorga e o Estudo de Impacto deveriam ser obtidos previamente ao contrato. E se o Inema dizer que não pode? Este é um projeto cheio de obscuridades, sem transparência, com custo caríssimo que não teve até agora o alto valor explicado pela prefeitura. A prefeitura tenta enganar o povo falando que vai replantar árvores, mas se esquiva dos valores”, questiona ela.
Conforme o ofício 234/2018, enviado à vereadora, tanto o EIV quanto a outorga de Direito de Recursos Hídricos, junto ao Inema, “estão sendo providenciados pelo Consórcio BRT Salvador”.
Uziel empossado
O início da sessão foi marcado por elogios e boas vindas dos colegas, tanto do governo quanto da oposição, ao retorno do apresentador de TV e rádio, Uziel Bueno à CMS pelo Podemos, substituindo o vereador licenciado Sidninho (Podemos).
Ao assinar seu o edil prometeu trabalhar pelos que mais precisam: “Tenho muita vontade de fazer o melhor para Salvador. Não importa quanto tempo tenha aqui. Vou trabalhar incansavelmente todos os dias. Quero, também, agradecer ao vereador licenciado, Sidninho, e ao presidente estadual do meu partido, João Carlos Bacelar, pela oportunidade de trabalhar para o povo. O sistema não pode ser bruto para os mais pobres”.
O presidente Leo Prates (DEM), revelou a expectativa positiva em relação ao trabalho do novo integrante do legislativo: “É uma pessoa que já está completamente antenada com os anseios da sociedade e que vive a nossa cidade todos os dias. Esta Casa Legislativa e a cidade só têm a ganhar com a sua presença”.