A inesperada decisão do prefeito ACM Neto (DEM) em continuar no cargo e não concorrer a governador parece ter deixado até a oposição a ele, na Câmara de Salvador, desorientada. Na sessão ordinária da tarde desta terça-feira, 10, as críticas mais pesadas vieram não de seus aliados, frustrados com a desistência da candidatura, mas da bancada oposicionista, com acusações de covardia, segundo eles, por medo de enfrentar o governador Rui Costa (PT) nas urnas.

Os ataques começaram com José Trindade (PSL), para quem o alcaide praticou um golpe contra seus correligionários. Lendo um longo discurso escrito, o edil assegurou que o gestor “não tem competência nem moral para enfrentar o governador e sabe que é pequeno para a grandiosidade das obras da administração de Rui”.

A defesa logo em seguida, através do líder governista, Henrique Carballal (PV). Em tom inflamado, justificou a permanência do prefeito no Palácio Thomé de Souza e garantiu que toda a bancada situacionista está solidária e já esteve com ele para hipotecar o apoio à sua opção. Ressaltou o modelo administrativo e político implantado pelo demista na capital baiana e asseverou que foi em nome desse projeto que Neto não abandonou a Prefeitura. Aproveitou também para alfinetar Rui Costa, que não se mobilizou para defender o ex-presidente Lula, preso em Curitiba.

Aladilce Souza (PCdoB) se disse surpresa com a resolução do democrata, pois durante todo o tempo ele dava a entender que seria o candidato das oposições. A comunista lamentou a situação dos que pretendiam participar do pleito, confiantes na presença do prefeito na chapa: “Muitos se prepararam e até venderam patrimônio para participar das eleições e agora estão frustrados. Neto olhou apenas para o umbigo dele, não pensou em mais ninguém. A justificativa que deu é uma desculpa esfarrapada, que não convence”.

Limites de Pituaçu

Na mesma sessão, o presidente Leo Prates (DEM) ocupou a tribuna para cobrar do Governo do Estado a edição de um decreto sobre os limites do Parque Metropolitano de Pituaçu. O legislador foi relator do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), em 2016, que, segundo ele, foi elaborado dentro dos parâmetros estabelecidos pela administração estadual.

Conforme Prates, quando o PDDU tramitava na Casa, uma emenda de Joceval Rodrigues (PPS), acatada pelo GE, modificava os limites do parque, com a cessão de um espaço para a Universidade Católica de Salvador.

De acordo com o parlamentar, no mesmo ano o secretário estadual de Meio Ambiente, Eugênio Spendler, enviou um ofício à CMS sobre a expansão da UCSAL. Porém, dois anos após a conclusão do PDDU nenhum decreto foi elaborado.

Em resposta, José Trindade afirmou que solicitará à Casa Civil estadual a resolução do problema: “É pertinente esta solicitação do presidente desta Casa”. Reforçando, Joceval declarou ser “muito importante para o desenvolvimento de diversos projetos sociais da Ucsal”.