Dois eventos marcaram a manhã desta terça-feira, 10, na Câmara de Salvador. No Centro de Cultura, a vereadora Marta Rodrigues (PT) conduziu o debate “Por uma educação crítica e libertadora, comemorando o primeiro ano da Frente Baiana da Escola sem Mordaça. O evento contou com as participações de Sílvio Humberto (PSB) e Hilton Coelho (PSOL).
“A consciência do cidadão vai sendo formada ao longo da vida, daí a importância de que qualquer tema possa ser discutido em sala de aula. Escola sem consciência crítica não é escola. Eu nem saberia que nome dar a isso”, pontuou a petista, que também é professora.
Para Sílvio Humberto, causa estranheza a necessidade de se discutir a inclusão nos currículos escolares de disciplinas que tratam da história e cultura africana e indígena: “Estamos aqui para questionar a visão de que a história é feita de apenas um sentido eurocêntrico, do colonizador. Ao observarmos quais são as motivações aparentes do projeto Escola sem Partido, vemos que a questão é puramente política”.
Hilton Coelho elogiou o movimento e seu desempenho ao longo do ano, e o estudante Tiago Ramos, presidente da Associação de Grêmios Estudantis declarou: “Somos críticos e temos poder de mobilização para contestar o projeto de lei e exigir que a nossa constituição seja obedecida em todos os casos”.
A audiência pública debateu também temas como a Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Curricular, que pretendem retirar temas importantes como o debate sobre a diversidade de gênero e as leis 10.639 e 11.645, que obrigam o ensino da história da África e dos indígenas nas escolas.
A mesa do evento foi composta também pelo professor Francisco Canela, representante da Universidade Estadual da Bahia, pela professora da Faculdade de Educação da Ufba, Sandra Siqueira, e pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Aplb), Marcos Marcelo.
Comissão do Carnaval
O outro evento matutino foi uma reunião da Comissão do Carnaval com o Conselho Municipal da festa (Comcar), no Salão Nobre da CMS. Entre os temas discutidos esteve o poder deliberativo do orgão, sua composição e melhorias para a folia.
Para Moisés Rocha (PT), presidente da colegiado, o desafio é repensar o modelo da festa: “Desde que a Comissão foi criada, em 2013, temos nos pautado em ouvir os envolvidos na festa para ajudar a aprimorar o evento. Temos agora, com a revisão da Lei Orgânica do Município (LOM), a oportunidade de rever aspectos do Comcar”.
Também integrante da Comissão, Marcelle Moraes (PV) afirmou que a intenção é ajudar a fazer um festejo cada vez mais democrático: “Nosso papel é ouvir todo segmento e tentar consolidar essas propostas e ideias”.
Na opinião de Felipe Lucas (MDB), “essa comissão tem papel importante no fortalecimento e resgate da força econômica e cultural do Carnaval. Queremos que a festa volte a ter a força que sempre teve”. Joceval Rodrigues (PPS) também participou da reunião.
Homenagem a Marielle
Na noite de segunda-feira, 9, uma sessão especial prestou homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março. A iniciativa foi de Aladilce Souza (PCdoB) e Hilton Coelho, com o título “Marielle Franco e a luta em defesa dos direitos humanos”.
Em seu discurso, Aladilce cobrou “justiça” e pontuou que “ocorre no Brasil um crescimento do autoritarismo e do fascismo. Segundo a parlamentar, “homenageamos hoje uma espetacular liderança política que lutava em defesa dos direitos humanos e contra a violência praticada pelo Estado”.
Para Hilton, “é muita coincidência que depois de menos de duas semanas dela ter sido definida como relatora deste colegiado ocorra uma execução tão bem definida. O assassinato de Marielle, ao meu ver, foi um recado para todos aqueles que se relacionam com as causas que ela defendia não terem dúvidas de que ela foi executada”.
Prestigiaram a mesa do evento Sílvio Humberto (PSB), a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), Mônica Tereza Azeredo Benício, companheira de Marielle Franco, Julieta Palmeira, secretária estadual de Políticas Públicas Para as Mulheres, Marcos Mendes, representante do Instituto Búzios e Blenda Santos, coordenadora geral da Anistia Internacional em Salvador.