A Câmara de Salvador realizou, na manhã desta segunda-feira, 2, uma sessão especial para marcar a passagem do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, por iniciativa do vereador Cezar Leite (PSDB). Para ele, que é pai de uma pessoa portador da doença, “não estamos discutindo a inclusão dos nossos filhos, mas a melhora da sociedade”.
Em sua opinião é preciso vencer o preconceito. Ele ressaltou a existência de lei municipal, de sua autoria, que obriga os estabelecimentos públicos e privados de Salvador a incluírem nas placas e avisos sinalizadores de atendimento prioritário o símbolo mundial da conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“A inserção do símbolo (uma fita colorida feita de peças de quebra-cabeça) às placas de atendimento prioritário é uma forma de dar publicidade e efetivação aos direitos dos portadores do transtorno do espectro autista”, frisou. A legislação nacional garante que o autista é considerado pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.
Assessor parlamentar
Foi destaque na sessão especial um vídeo contando a rotina de Emerson Santos, 18 anos, funcionário do gabinete do tucano e primeiro assessor parlamentar com autismo do Brasil. “É preciso dar oportunidade a esses jovens. Emerson desempenha um trabalho belíssimo no nosso gabinete e eu pretendo poder dar essa oportunidade a outros jovens”, disse o edil.
Além de Emerson, a cantora Vivian de Assis, 15 anos, também foi protagonista na atividade. Cantora e autista, ela fez parte da mesa de trabalho da sessão e cantou quatro músicas. “Superação é o meu nome do meio. Dizem que eu não posso, mas eu posso muitas coisas. A música me ajuda a superar os momentos difíceis e também a comemorar”, declarou a artista, que já gravou um CD e tem participado de muitos eventos.
Carência educacional
Não há no Brasil dados oficiais sobre a patologia. A estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que existam no país dois milhões de pessoas com TEA. Na Bahia, estimam-se 200 mil. Há 10 anos como coordenadora do Fantástico Mundo Autista (Fama), Patrícia Teodolino afirma que a educação é uma grande carência para essa parcela da população. A coordenadora pontuou que a rede pública de ensino tem capacitado mais os professores para alunos especiais do que a rede particular.
“Para esses jovens é muito importante estar na escola, conviver com crianças da sua idade. Ele pode não aprender todo conteúdo, mas o desenvolvimento pessoal é enorme”, falou a educadora. Conforme ela, dois jovens do Fama estão na faculdade, um em Educação Física e o outro em Serviço Social.
A especialista em neuropedagogia e coordenadora da Casa dos Autistas do Lar Vida, Carolina Sibio, ressaltou que os rótulos de agressivos e isolados atrapalham a socialização das pessoas autistas e aumentam o preconceito: “A principal característica das crianças autistas é que elas não entendem as convenções sociais. No Lar Vida temos 10 crianças que têm evoluído bastante, algumas já estão semialfabetizadas e se desenvolvem cada dia mais com um ensino voltado para suas potencialidades”.
“Nosso objetivo é o aprendizado. Trabalhamos para que cada um aprenda do seu jeito. A educação é o caminho para a evolução”, destacou a presidente da Seção Bahia da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Joanice Bezerra.