Os desafios enfrentados pela mulher negra no mercado de trabalho foram o tema do debate promovido pela vereadora Ireuda Silva (PRB) na tarde dessa quinta-feira, 30, no auditório lotado na Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Vice-presidente da Comissão da Reparação na Câmara Municipal, ela aproveitou a oportunidade para relacionar o tema com a sua trajetória pessoal enquanto mulher negra.
Para a edil, “só quem vive essa realidade na pele sabe como é ser mulher e, além disso, ser negra na Bahia e no Brasil”, observando que a discriminação vem “de todos os lados e se manifesta em todas as esferas”. Ela frisou que a luta para conquistar espaço no mercado de trabalho e ter acesso a educação de qualidade é “extremamente árdua”.
Ireuda narrou parte de sua experiência pessoal como mulher negra, tendo atuado como coordenadora de TV por 18 anos: “Tive que ir lutando, alargando as portas para permanecer no mercado de trabalho... não existe outra saída, você tem que fazer valer, só assim será valorizado”. Falou também sobre a importância da superação, não só para as mulheres, mas para todos da raça negra, considerando a gravidade da discriminação racial.
Renda dos negros caiu
De acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), de 2015 a 2016 a renda média das mulheres negras caiu de R$1.308 para R$1.248, enquanto a dos homens negros diminuiu de R$1.663 para R$1.516, uma redução de 4,6% e 8,8%, respectivamente. Já homens e mulheres brancas tiveram, no mesmo período, rendimento médio de R$1.745 e R$1.345.
O debate encerrou o Novembro Negro promovido pela perrebista, que também realizou audiência pública sobre racismo no esporte e participou de evento sobre anemia falciforme: “São temas que não podemos nos furtar a discutir, sobretudo em um mês imbuído de tamanha simbologia para a parcela negra da sociedade. Mesmo sendo a cidade mais negra do Brasil, Salvador ainda mantém essa diferença absurda entre brancos e negros no que se refere à dinâmica econômica. Esse triste quadro é mais um reflexo do nosso racismo institucional”.
Para Marlisabete Paz, uma das participantes, a discussão permitiu que ela ampliasse horizontes e esclarecesse dúvidas sobre o mercado de trabalho: “Foi um grande aprendizado, maravilhoso com essa pessoa linda que é a Ireuda Silva, mulher de fibra, sempre com atitudes positivas”. Noêmia Araújo complementou: “Não podemos abaixar a cabeça, pois temos competência de chegar aonde quisermos”.