Não é preciso ser negro para sentir e se indignar com os horrores da escravidão e as atuais consequências resultantes deste processo: o racismo, a maioria carcerária e as desvantagens econômicas e trabalhistas dos negros são algumas delas.
Não se pede compreensão, nem se apaga a história. Há claramente uma dívida que durante séculos foi aumentada a cada chibatada, a cada gota de sangue derramado, a cada estupro rotineiro e a cada segundo de privação de liberdade... E o valor resultante dessa soma é incalculável.
Se o racismo é cultural, então nada mais óbvio que combatê-lo ser uma luta de todos: brancos, negros, pardos, índios, todos. Não podemos deixar que as futuras gerações internalizem valores tão torpes e repitam ações opressoras e discriminatórias.
A nossa mestiçagem não nos permite a omissão, nem que deleguemos a luta de combate ao racismo somente aos negros. E quando constatamos a força de um povo que, em pouco tempo de “libertação”, conseguiu se reerguer, retomar suas tradições e ocupar lugares de destaque em todas as áreas de atuação, é que podemos perceber, de uma vez por todas, o quanto é urgente que ceifemos essa maldição da nossa sociedade.
O racismo insiste em perambular entre nós. Ainda que capenga, ele insiste em ficar de pé e se fantasia de piadas, de letras de música, de falsas aceitações, de padrões de beleza… Mas não adianta, é muito fácil reconhecê-lo. Acontece que, mesmo aleijado, o racismo só cairá com uma rasteira conjunta.
É preciso saber o que há por trás do racismo, coisa que muitos não fazem, insistindo em lavar as mãos com a lama da indiferença; mas qualquer pessoa revestida do mínimo de empatia, de decência e de dignidade, sabe que ele é real, presente e constante e que o esforço para eliminá-lo envolve todos nós, porque não há isentos deste mal.
É longo o caminho que nos levará a uma sociedade em que homens e mulheres sejam apenas homens e mulheres, orgulhosos de suas culturas e origens, mas sem se polarizarem, porque - que me permita Bob Marley – ou abandonamos a filosofia que mantém uma raça superior à outra, ou tudo será guerra.
Felipe Lucas (PMDB) é vereador e vice-presidente da Comissão de Educação, Esporte e Lazer da CMS