Política

ARTIGO - A infância roubada: a adultização e a erotização infantil

"Infelizmente, vive-se um grande mal, que fatal e silenciosamente se enraíza em nossa sociedade"
Rogéria Santos , da redação em Salvador | 23/10/2017 às 18:33
Rogéria: contra a adultização infantil
Foto: Ascom CMS

A cada dia, assiste-se o violar da linha do tempo na vida das nossas crianças. Para uns poucos é como uma doença que atinge os estágios de vida dos pequenos. Para a maioria, é fato social tido como normal na sociedade pós-moderna.

A adultização, que consiste na adoção de comportamentos não condizentes com a idade da criança, viola a infância. Segundo Piaget (1896-1980), os estágios da infância essenciais para formação do indivíduo percorrem períodos de zero a dois anos, dois a sete anos e de sete a doze anos. Acelerar estas fases significa gerar crianças com mentes adultas inversas às suas faixas etárias. É roubar a sua infância.

Infelizmente, vive-se um grande mal, que fatal e silenciosamente se enraíza em nossa sociedade trazendo graves consequências aos pequeninos que se estenderão até a fase adulta. É fadado porque não se poderá jamais, em momento algum, voltar no tempo para recuperar a infância que lhes foi roubada.

Todavia, não é puramente a adultização que vem expondo as crianças. Exibi-las a conteúdos inapropriados para suas faixas etárias é também roubá-las de suas infâncias, é apresentá-las à erotização infantil.

Dita o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente que as crianças gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana e, como protagonistas sociais em evolução, carecem de atenção e extremo cuidado. Um subproduto de adulto não é uma criança, e sim, um ser humano “coisificado”. Transformá-los em adultos é cortar pela raiz de cada uma o direito de descobertas que moldarão o seu caráter e que lhes farão verdadeiros sujeitos de transformação.

Clamamos à sociedade: Não tirem de nossas crianças o direito de serem crianças, de rirem, brincarem e viverem a inocência, permitam que sejam e vivam apenas como crianças. Não roubem sua infância, não violem seus estágios de vida.

Rogéria Santos (PRB) é vereadora, vice-presidente da Comissão Especial Temporária de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara de Salvador