Os vereadores Hilton Coelho (Psol) e Ireuda Silva (PRB) condenaram uma postagem de teor racista que tem circulado nas redes sociais discriminando duas torcedoras negras do Esporte Clube Bahia. A montagem traz duas fotos:  a primeira tem Edna Matos, diretora do Instituto Federal da Bahia, em Santo Antônio de Jesus, e sua filha, Dandara Zunduri Matos; a segunda, algumas mulheres brancas, torcedoras do Grêmio e classificadas, pelo autor da publicação, como bonitas.

“Fazer juízo de valor com base em elementos estéticos ligados à cor da pele ou à textura do cabelo é uma das mais antigas e cruéis formas de racismo. É um tiro na autoestima das mulheres negras, e uma violação moral que não pode ser aceita. Além disso, é crime”, avaliou a republicana, cobrando dos órgãos competentes, como o Ministério Público, a apuração rigorosa do caso.

“Também é imperioso que o Esporte Clube Bahia e o Grêmio se manifestem e repudiem esse fato que nos causa tanta tristeza e revolta. A omissão induz que situações similares voltem a acontecer. Afinal, como diz o ditado popular, quem cala consente”, prosseguiu.

Ela demonstrou ainda revolta com um episódio de discriminação racial ocorrido no interior de Minas Gerais, na cidade de Araporã. A mãe de um aluno utilizou termos depreciativos e racistas contra uma professora negra. O fato gerou repercussão nacional.

“Infelizmente, é apenas mais um caso dentre os muitos que acontecem todos os dias em nossa cidade e em nosso país. E um dos poucos que ganharam as páginas dos jornais. É desolador pensar que a maioria dessas agressões passa batida aos olhos da Justiça e da sociedade”, acrescentou a republicana.

“Racismo não é brincadeira”

O psolista cobrou posicionamento da CMS, através da Comissão da Reparação. Em sua opinião o racismo se manifesta atacando e inferiorizando o fenótipo das pessoas negras e tem nuances específicas quando direcionado às mulheres negras. “É preciso questionar o que faz com que alguém ache que tem a liberdade para compartilhar fotografias de mulheres negras, sem sua autorização, e ainda compará-las com outras mulheres, reduzindo-as apenas à aparência? Não podemos desconhecer o racismo e reafirmamos que é inaceitável um crime contra mulheres negras”.

Ele lembrou que recentemente aconteceram ataques racistas direcionados à Miss Brasil, Monalysa Alcântara, piauiense, terceira mulher negra a vencer a competição em 63 anos. “Mulheres negras, mesmo quando não estão concorrendo em concursos de beleza, são julgadas de maneira diferenciada. Racismo e xenofobia são crimes e não brincadeiras. Crimes devem ser punidos. Basta de racismo”, ressaltou.

Para o legislador, “o racismo não dá trégua e, ainda por cima, os racistas querem calar as opiniões que apontam o caráter racista da montagem. Não é só sobre beleza, é sobre racismo e misoginia no futebol”.