A manifestação contra a presença do prefeito de São Paulo, João Dória em Salvador, na última segunda-feira, 7, quando a comitiva do político foi atacada com uma chuva de ovos, continua rendendo bate-boca na Câmara Municipal. Nesta quarta-feira, 9, a vereadora Aladilce Souza (PCdoB) entrou com uma representação na Corregedoria-Geral da CMS contra o colega Felipe Lucas (PMDB), acusando-o de agressão.
Durante reunião do Colégio de Líderes, na manhã da terça-feira, 8, ela desmentiu os boatos que envolviam sua participação no episódio, pois foi acusada por Lucas e Alexandre Aleluia (DEM) de ter organizado ou incentivado a agressão.
Sua fala, no entanto, foi interrompida pelo pemedebista, que teria dado um soco na mesa e a agredido verbalmente, com dedo em riste. A comunista foi chamada de “hipócrita” e “sem vergonha”.
Segundo Aladilce o episódio foi presenciado por alguns funcionários da Câmara, assessores e cerca de doze vereadores presentes, quase todos eles da base do prefeito ACM Neto. Algumas pessoas chegaram a filmar o ataque, mas foram orientados a apagar os vídeos.
Diante disso ela resolveu denunciar Lucas à Corregedoria: “Estou no meu quarto mandato, tenho um histórico de lisura e de respeito com todos os colegas da Câmara e não vou admitir que homem nenhum me agrida verbalmente ou me ameace com o dedo em riste”. Além disso divulgou nota, posicionando-se sobre o assunto (veja texto na íntegra no final da matéria)
Brincadeira ou incitação?
Ainda nessa terça-feira, 8, o líder do DEM, Alexandre Aleluia, declarou que a manifestação contra Neto e Dória foram uma demonstração de que PT e linhas auxiliares desejam o mesmo que ocorre na Venezuela, onde a oposição é perseguida e morta: “Vale ressaltar que o ato foi estimulado pela vereadora Aladilce Souza, do PCdoB, a mais evidente linha auxiliar do PT. Aquilo não foi brincadeira, como alegado, mas incitação à agressão. É preciso saber diferenciar brincadeira de incitação à violência”.
De acordo com o democrata “aquela infelicidade dos ovos arremessados é somente um aperitivo da violência venezuelana. Aquilo é o PT. Brincadeira? Não tem nenhuma brincadeira nessa história. O Brasil tem que escolher se quer continuar no comunismo do Foro de São Paulo, partido que congrega toda a esquerda latino-americana, ou se quer defender o Brasil. Isso vale para a Bahia também. Tem que decidir: se é ACM Neto ou Rui Maduro. Ou ACM Neto ou a violência de Gleisi e do condenado a nove anos”.
Ele descartou revide quando Lula estiver na capital baiana: “Não haverá retaliação a Lula. Falta isso aqui na Casa. Votei contra a homenagem a Lula, contra o título a Che Guevara, mas respeito o que define a casa legislativa. Mas o DNA do PT e demais linhas auxiliares está muito distante da democracia”.
Ao comentar as defesas feitas pelos petistas comentou: “Eles não amam o Brasil. Eles não amam o povo, a liberdade. Amam uma abstração chamada povo, uma abstração chamada liberdade, uma abstração chamada justiça social. Eles só amam duas coisas: o partido e o mito do condenado a nove anos”.
Nota de Aladilce
“Diante das acusações do prefeito João Dória (PSDB) de que eu teria organizado a manifestação contra ele, venho a público me posicionar:
Em momento algum organizei a manifestação, não estava presente e não orientei ninguém a arremessar ovos contra o prefeito. O protesto foi amplamente divulgado nas redes sociais de forma espontânea, por pessoas que se indignaram com o título que seria concedido ao prefeito. Recebi pelo celular diversos cards convocando a manifestação e um deles cheguei a compartilhar no grupo privado de assessores, vereadores e amigos próximos.
De forma invasiva, alguém “printou” essa mensagem e repassou à Juventude do DEM, que descontextualizou a mensagem e divulgou amplamente me acusando de ter organizando os protestos, algo que foi corroborado pelo prefeito João Dória. Quem me acusa subestima a capacidade de mobilização da população de Salvador e seria ingenuidade ou leviandade acreditar que uma mensagem compartilhada em um grupo interno e privado seria capaz de incitar pessoas a arremessarem ovos contra o prefeito.
Os manifestantes responsáveis já foram identificados e confirmaram o que todo mundo já sabia: não tenho responsabilidade alguma sobre o que ocorreu. Tenho uma vida pública marcada pela lisura e respeito à Câmara e jamais jogaria ovos em um prefeito, mesmo sendo ele um sujeito como Dória. Não fiz, não concordo, mas compreendo o sentimento dos manifestantes.
Dória é um sujeito provocador que, na ausência de propostas políticas se dedica a atacar partidos e figuras importantes e respeitadas pela maioria da população, além de usar a maior parte do seu tempo se utilizando de estratégias de marketing para se autopromover politicamente, o que já lhe rendeu o apelido de “prefake”.
Além disso, a insatisfação da população também foi motivada pela injustificada entrega de título soteropolitano ao prefeito. De acordo com regimento interno da Câmara, o título é algo importante e que deve ser dado a quem prestou relevantes serviços à cidade, o que não é o caso de João Dória. E como se não bastasse sua irrelevância para Salvador, a sua gestão em São Paulo não é um bom exemplo para nós baianos. Um prefeito que adota uma política higienista que acorda moradores de rua com jatos de água fria, que autoriza a demolição de casas com mulheres e crianças dentro, e que no passado tentou implementar uma rota turística na região de seca no Nordeste não merece o apreço dos soteropolitanos.
Todas essas características, sem dúvida, motivaram a manifestação espontânea como forma de mostrar o descontentamento da população de Salvador com o título que foi entregue nitidamente como forma de se fazer campanha eleitoral antecipada do prefeito.
Constrangido com a má receptividade que teve, Dória resolveu partidarizar o fato, me acusando, me caluniando e incitando sua militância a me atacar nas redes sociais e no meu telefone pessoal, que foi divulgado pela Juventude do DEM.
Por isso, gostaria de reafirmar que não tive nenhuma participação na forma como Dória foi ovacionado em Salvador e não me intimidarei com acusações politiqueiras e ameaças dos militantes do prefeito. Homem nenhum vai me calar.
Aladilce Souza (PCdoB)”