Política

Tiririca revela que deverá deixar a politica: "Não vai mudar"

Tiririca: pior não fica
NF , RJ | 04/08/2017 às 17:47
Tiririca decepcionado com a politica
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Quando a situação política do país deprime até um palhaço profissional é porque a crise etá bem grave. O deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), disse hoje (4) que está desiludido com a política e propenso a encerrar a carreira parlamentar em 2018. 

Em entrevista ao Broadcast Político, um dia após votar pela abertura de investigação contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, ele criticou o Congresso Nacional e diz não ter o "jogo de cintura" exigido para ser político. "Não vai mudar. O sistema é esse. É toma lá, dá cá", afirmou.

Como diria Capitão Nascimento, "o sistema é fo.%$#" e engole todo mundo. Para quem achava que Tiririca ia apenas fazer figuração, é bom saber que ele é um dos deputados mais assíduos da Câmara. Porém, acanhado: só usou o microfone três vezes no plenário. 

Tiririca enxergou o óbvio muito fácil. Afirma que vê a maioria dos parlamentares trabalhando para atender interesses próprios, em detrimento do povo. Ele avalia que há parlamentares bem intencionados, mas que não conseguem trabalhar porque o "sistema" não deixa. "A partir do exato momento que você entra, ou entra no esquema ou não faz. É uma mão lava a outra. Tu me faz um favor, que eu te faço um favor. Eu não trabalho dessa forma", desabafou.

Nosso pobre sistema político gera tantas distorções que nem mesmo Frank Underwoord, de House of Cards, seria capaz de acompanhar. Com tanta aversão, chegou a hora e a vez dos não políticos como ele darem as cartas no Congresso. O deputado acha que não. 

Tiririca confessa que disputou o primeiro mandato, em 2010, apenas para tentar ganhar visibilidade como artista. Mudou de ideia quando foi eleito com 1,3 milhão de votos, o que o tornou o deputado mais votado do país. "Aí disse: opa, espera aí. Teve voto de protesto, teve. Mas teve voto de pessoas que acreditam em mim. Não posso brincar com isso", afirmou. À época, o deputado foi eleito ao usar o slogan "Pior do que está não fica" durante sua campanha. Em 2014, decidiu disputar reeleição "para provar que não estava de brincadeira e que fiz a diferença na política". E foi reeleito com 1,016 milhão de votos.

E não é que ficou pior?

No segundo mandato, Tiririca votou tanto a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e pela abertura de investigação contra Temer, mesmo com a pressão da direção partidária sobre ele. "Tem um ditado que minha mãe fala sempre: errou, tem que pagar", disse.

Para o deputado, os indícios apresentados contra o presidente "era coisa muito forte". "Acho que ele tinha que entregar os pontos e pedir para sair. Foi muito feio, muito agressivo para o país essas denúncias", afirmou.

Quando perguntado se o Brasil tem jeito, lembrou uma música "das antigas" de Bezerra da Silva, cujo refrão diz "para tirar meu Brasil dessa baderna, só quando morcego doar sangue e saci cruzar as pernas".