Política

Ex-ministra Luiza Bairros é homenageada pela Câmara de Salvador

A sessão especial teve como tema “Negras mulheres, femininos poderes - Luiza Bairros, um poder que nos move”
Limiro Besnosik , da redação em Salvador | 14/07/2017 às 19:39
Luiza Bairros: homenagem da CMS
Foto: Internet

Uma sessão especial em homenagem à militante feminista e do movimento negro e ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial Luiza Bairros, foi promovida pela Câmara de Salvador na noite desta quinta-feira, 13. De acordo com o autor da iniciativa, vereador Sílvio Humberto (PSB), o evento foi uma forma de homenagear também “a resistência e o posicionamento dessas lutadoras na sociedade contemporânea”.

O tema foi “Negras mulheres, femininos poderes - Luiza Bairros, um poder que nos move”, num reconhecimento à contribuição de uma das grandes militantes negras dentro da diáspora para um país mais justo e menos desigual.

“Participar desta construção coletiva é ser coerente com a história de vida de Luiza, que reafirmava não ter saídas individuais no enfrentamento contra o racismo”, declarou o peessebista. Visivelmente emocionado, ele reconheceu que Luiza Bairros faz muita falta “nesse mar de injustiças, nesses tempos temerários”.

Espírito evocado

A militante também foi saudada por outras mulheres negras, movidas e motivadas por Luiza, que simbolizam a luta e a resistência do povo negro, representando diferentes “poderes”: religar, comunicar, conduzir, escutar e empreender.

Falaram Valdina Pinto, Makota do Terreiro Tanuri Junsara; Vilma Reis, ouvidora-geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia; Maíra Azevedo, jornalista e personagem Tia Má; Naira Gomes, organizadora da Marcha do Empoderamento Crespo; Teresinha Barros, educadora e militante feminista, e Helena Oliveira, diretora da Unicef Salvador.

Makota Valdina confessou que muitas vezes evoca o espírito da militante: “Uma pessoa como Luiza não morre, precisamos de muitas Luízas”. Maíra Azevedo também se emocionou ao lembrar da ex-ministra: “Ela parecia intocável, uma entidade inalcançável, mas se eu sou uma referência hoje é porque tive ela como referência. Sou um legado de Luiza Bairros, uma mulher que já era empoderada muito antes dessa onda de empoderamento”.

A ouvidora Vilma Reis lamentou que o Brasil ainda não consiga compreender a grandeza de uma mulher como Luiza Bairros. E anunciou que dia 30 de julho haverá uma manifestação no Porto da Barra contra o feminicídio: “Vamos relembrar cada uma das mulheres assassinadas. Estamos aqui, Luiza, pra te dizer que não arriamos as armas”. Naira Gomes relembrou a importância do apoio da ex-ministra à Marcha do Empoderamento Crespo: “Ela quis nos ouvir, ela empoderou a nossa marcha”.

Apresentaram-se no evento, aberto a toque de clarins, o grupo Evolução da Raça, formado por Matilde Charles e Guiguioshewell Silva; as poetisas Sueide Kintê, Lívia Natália e Vera Lopes; as cantoras Vanessa Borges, Nara Couto (com participação da dançarina Edileuza Santos) e Josi Andrade; e o grupo População Magoada.

Gaúcha de Porto Alegre, onde graduou-se em administração pública e de empresas, Luíza Bairros morou em Salvador desde 1979, quando passou a atuar no Movimento Negro Unificado (MNU) e foi titular da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia (Sepromi).