Política

LAVA JATO: ACM Neto recebeu R$ 1,8 mi em caixa 2 da campanha de 2012

Com informações de A Tarde
Da Redação , Salvador | 13/04/2017 às 19:27
ACM Neto defende-se em nota e diz que todas doações foram legais
Foto: Secom
O executivo da Odebrecht, André Vital Pessoa de Melo, disse que repassou R$ 1,8 milhão por meio de caixa dois para a campanha do prefeito ACM Neto (DEM) em 2012. A informação faz parte da delação premiada de Vital, que teve a gravação em vídeo divulgada após a quebra do sigilo pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante o depoimento, o diretor da Odebrecht na Bahia e Sergipe disse que foi procurado por Neto no primeiro trimestre de 2012 para informar que iria se candidatar e contava com o apoio da empreiteira baiana. Segundo Vital, o democrata teria apresentado Lucas Cardoso como o responsável pelo recebimento dos pagamentos da campanha.

"Comuniquei que o valor aprovado foi de R$ 2,2 milhões e que parte seria paga via caixa 2. R$ 400 mil foi doado via bônus eleitoral pela construtora e o saldo de R$ 1,8 mi foi operacionalizado via caixa 2", explicou.

Segunda a delação, os valores foram pagos em espécie em quatro parcelas - uma de R$ 600 mil, duas de R$ 500 mil e uma de R$ 200 mil. Vital disse que entregou pessoalmente os valores para Lucas Cardoso no escritório da campanha de Neto, que não estava presente na ocasião.
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Todas as doações de empresas privadas para a sua campanha de 2012 na disputa pela Prefeitura de Salvador foram realizadas de forma legal, ACM Neto, disse por meio de nota

Após ser questionado, o executivo afirmou que ACM Neto não teria participado da discussão de valores. "Na conversa com o candidato não houve nada de valores. Ele pediu e sabia que podia contar com o apoio da companhia", disse Vital, durante a delação. Ele também afirmou que a construtora não exigiu nenhuma contrapartida para fazer a doação.


Investigação

O conteúdo da delação de André Vital foi encaminhada pelo ministro Edson Fachin para a justiça baiana, que vai decidir se abre inquérito para apurar os fatos denunciados ou se arquiva o processo.

Além de Vital, o prefeito também foi citado na delação do presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa Silva Júnior. Contudo, o teor desse depoimento ainda não foi detalhado.

Benedicto era superior hierárquico de Vital e, segundo ele, o chefe foi o responsável por aprovar o valor que seria repassado para o democrata.

Barra

Além do repasse de caixa 2 para a campanha de Neto, Vital também teria apontado em sua delação que houve "irregularidades durante o processo licitatório associado às obras de requalificação da orla da Barra em Salvador". Essa informação consta na petição assinada por Fachin e encaminhada para a justiça baiana. Contudo, o trecho do depoimento de Vital sobre esse tema ainda não foi divulgado.

A requalificação da Barra foi realizada pela Odebrecht, entre 2013 e 2014. A obra teve investimento de R$ 58 milhões, custo dividido pela Prefeitura e governo federal.

Legal

O prefeito ACM Neto disse, nesta quinta, 12, por meio de nota, que "todas as doações de empresas privadas para a sua campanha de 2012 na disputa pela Prefeitura de Salvador foram realizadas de forma legal, recebidas pelo partido – Democratas – e registradas na Justiça Eleitoral, como determina a lei".

Ele negou a "existência de doações não contabilizadas", conforme foi afirmado por Vital.

A nota também ressalta que o "processo licitatório para a requalificação da orla da Barra decorreu dentro da mais absoluta transparência e legalidade".